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Países assinarão tratado para integração da América do Sul

OESP, Nacional, p. A9
19 de Mai de 2008

Países assinarão tratado para integração da América do Sul
Chefes de Estado se reúnem sexta-feira em Brasília para dar forma à Unasul

Denise Chrispim Marin

Em meio a novos atritos nas relações Colômbia-Venezuela, os chefes de Estado dos 12 países da América do Sul assinarão na próxima sexta-feira, em Brasília, o tratado que criará o arcabouço jurídico para a integração regional. Engavetado por quatro meses, o documento constitutivo da União Sul-Americana de Nações (Unasul) flexibiliza uma fórmula que está na raiz da debilidade de outros processos políticos e comerciais da região - a tomada de decisões com base no consenso. Os projetos propostos poderão ser iniciados por um grupo menor de países, com sua posterior extensão aos demais. Esse será o caso do Banco do Sul, que está em negociação por apenas sete dos 12 membros da Unasul.

A cúpula de Brasília será o primeiro encontro exclusivamente de líderes sul-americanos desde a eclosão da crise entre Colômbia, Equador e Venezuela, em janeiro passado, e dos novos ataques do venezuelano Hugo Chávez a Bogotá, na última semana. O encontro ocorrerá à sombra dos indícios encontrados pela Interpol de colaboração dos governos venezuelano e equatoriano com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Até a última sexta-feira, os presidentes de 11 países haviam se comprometido a comparecer - inclusive Chávez e o colombiano Álvaro Uribe. Apenas o presidente do Peru, Alan García, não havia confirmado presença e poderia enviar um representante.

Segundo o embaixador Ênio Cordeiro, subsecretário para Assuntos de América do Sul do Itamaraty, o tratado constitutivo define cerca de 30 objetivos estratégicos e uma estrutura assentada sobre uma secretaria-executiva, com sede em Quito, e um Conselho de Delegados como instância decisória, com representantes dos 12 países. Haverá ainda uma secretaria financeira. A presidência será rotativa entre os países-membros, por 12 meses. A cada ano, os líderes dos 12 países se reunirão para deliberar sobre os projetos da Unasul e discutir os dilemas políticos regionais.

O anúncio do Plano de Ação da Unasul - um conjunto de projetos prioritários para as áreas de infra-estrutura, energia, educação, social e financeira - deverá ficar para o segundo semestre. Até lá, a expectativa do Itamaraty é que o cenário político sul-americano esteja suficientemente desanuviado para o Plano de Ação ser concluído e anunciado na Colômbia, na terceira reunião ordinária da Unasul.

Marcada originalmente para janeiro, a cúpula em Cartagena das Índias foi atropelada pela crise provocada pela ação militar colombiana no Equador, que resultou na morte do líder das Farc, Raúl Reyes, e ainda não completamente sepultada. Fontes do Itamaraty avaliam que a Unasul deverá tornar-se o canal privilegiado para contornar imbróglios na região.

OESP, 19/05/2008, Nacional, p. A9

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