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País vive escassez de usinas para leiloar

OESP, Economia, p. B10
09 de Dez de 2006

País vive escassez de usinas para leiloar
Próximos inventários de rios para hidrelétricas só saem em 2 anos

Renée Pereira

O País com maior potencial hídrico do mundo está com falta de hidrelétricas para leiloar. O problema só deve ser equacionado em cerca de dois anos, quando os inventários dos rios ficarão prontos. 'Estamos numa entressafra, recuperando o tempo perdido com o abandono do planejamento do setor', disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

Segundo ele, nesse período não haverá licitação de novas hidrelétricas, à exceção das usinas do Rio Madeira (Santo Antônio, em 2007, e Jirau, em 2008). Apesar disso, ele afirma não haver motivo de preocupação quanto ao risco de racionamento, mesmo com a indisponibilidade das usinas térmicas a gás. 'A expectativa é de que a temporada de chuvas recupere de forma substancial os reservatórios para 2007. Em 2008 teremos a entrada em operação das plataformas de gás (natural) liquefeito da Petrobrás.'

Tolmasquim explica que o processo de inventário dos rios ou bacias, de avaliação ambiental integrada (AAI) e dos estudos de viabilidade econômica e técnica demoram cerca de três anos. Apenas depois disso é possível leiloar os empreendimentos. Hoje, diz ele, a EPE está fazendo AAI de nove rios, entre eles Uruguai, Parnaíba, Tapajós e Araguaia. O custo será de R$ 18 milhões.

Além desses rios, o executivo afirmou que a EPE está fazendo inventário e AAI de outros nove rios. Entre eles, Rio Branco, Trombetas, Aripuana, Jari, Tibagi, Iguaçu e Teles Pires. No total, esses inventários deverão revelar um potencial hídrico da ordem de 14.150 MW. O custo será de 65 milhões.

Ao contrário do executivo, os representantes do setor estão preocupados com a situação. Para completar o quadro, muitos investidores não estão nada satisfeitos com uma resolução que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve colocar em audiência pública em janeiro. Pelo documento, a prioridade para a realização de inventários passa a ser da EPE.

Portanto, se o investidor decidir estudar algum aproveitamento, terá de verificar primeiro se a empresa não se interessa pelo projeto. 'Isso tira a competitividade e afasta a iniciativa privada. Além disso, é uma reestatização', afirma o presidente da Associação dos Pequenos e Médios Produtores de Energia (APMPE), Ricardo Pigatto.

Na avaliação do diretor da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia, Cristiano Amaral, o problema é que há uma centralização dos trabalhos. Além disso, a falta de poder financeiro pode atrasar ainda mais os estudos, já que os inventários têm custo alto.

OESP, 09/12/2006, Economia, p. B10

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