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País tem 105 espécies ameaçadas de extinção

OESP, Vida, p. A38
04 de Jun de 2007

País tem 105 espécies ameaçadas de extinção
Para IBGE, perereca paulista está extinta; região Sudeste é mais afetada

Felipe Werneck

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mapeou as 105 espécies e subespécies de mamíferos, répteis e anfíbios ameaçadas de extinção no País. Segundo o instituto, a perereca paulista (phrynomedusa fimbriata) é a espécie que já está extinta. Ela era encontrada principalmente em Paranapiacaba, subdistrito da cidade de Santo André, no ABC paulista, região da Serra do Mar.

O mapa, na escala 1: 5.000.000, é baseado na lista mais recente de fauna ameaçada de extinção, divulgada em maio de 2003 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Foram estabelecidas cinco categorias de ameaça, em ordem crescente de risco. São elas: espécie vulnerável a extinção, em perigo de extinção, criticamente em perigo de extinção, extinta na natureza (quando encontrada somente em viveiros) e extinta.

O trabalho mostra que o litoral concentra o maior número de espécies ameaçadas. A região Sudeste do País é a mais afetada e, conseqüentemente, o bioma mais atingido é a mata atlântica. Ou seja, quanto mais urbanização menos condições favoráveis à sobrevivência das espécies.

O Rio de Janeiro concentra o maior número: 39 das 105 ameaçadas. Depois, vêm São Paulo (38), Minas Gerais (37), Espírito Santo (29), Rio Grande do Sul (26), Paraná (20), Santa Catarina (18) e Distrito Federal (12). Os Estados com menor número de espécies ameaçadas são da região Norte: Roraima (8), Rondônia (10) e Amapá (10).

Das 105 sob ameaça, 69 são mamíferos, 20 são répteis e 16 são anfíbios. Além da distribuição geográfica dos hábitats naturais e das categorias de ameaça, o mapa mostra os nomes científicos e populares dos animais e a divisão do País em seis biomas - amazônia, caatinga, cerrado, mata atlântica, pampa e pantanal. Os animais são representados por desenhos.

Em crítico perigo de extinção estão a baleia-azul, o bugio, o mico-leão-de-cara-preta, o mico-leão-preto, o macaco-prego-de-peito-amarelo, o peixe-boi-marinho, a jararaca-de-alcatrazes e a tartaruga-de-couro, dentre outros.

Vulnerável, a onça-pintada é vendida para zoológicos e sofre com o desmatamento, a caça predatória e o comércio clandestino de sua pele.

PRESERVAÇÃO

Bióloga da Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais do IBGE, Licia Couto defende a criação de reservas e mais fiscalização.

A lista de animais ameaçados de 2003 reúne ao todo 394 espécies e subespécies. No mapa do IBGE divulgado ontem, não foram incluídos peixes e invertebrados aquáticos, aves, insetos e outros invertebrados terrestres, que terão mapas específicos.

Na lista anterior, de 1989, havia 220 espécies sob ameaça de extinção, o que significa um aumento de cerca de 80%. O total de mamíferos, répteis e anfíbios ameaçados era de 77 em 1989 e subiu para 105.

A comparação das duas listas mostra que, apesar do aumento, alguns animais conseguiram neste período sair da situação de ameaça, entre eles o jacaré-de-papo-amarelo e o veado-campeiro.

ÁGUA NO SUBSOLO

O IBGE também apresentou uma atualização do mapa das unidades de relevo identificadas no país. São 167 agora contra 65 na primeira edição, publicada em 1993.

Para o instituto, o relevo é um dos elementos do ambiente que mais interagem com outros componentes, como clima, vegetação, águas e solos. O reflexo disso é influência sobre a distribuição da população, por exemplo.

Além disso, o instituto divulgou dois mapas de hidrogeologia e hidroquímica dos mananciais subterrâneos do Rio Grande do Norte e da Paraíba.

Esse último trabalho é inédito e mostra as possibilidades de exploração dos recursos hídricos subterrâneos, indicando áreas mais e menos favoráveis à captação de água no subsolo, em termos de volume captado, potabilidade (se são ou não próprias para beber), qualidade química e em relação ao eventual uso na agricultura por meio da irrigação.

QUALIDADE

Os técnicos fizeram coletas de água subterrânea que foram levadas para o Laboratório de Análises Minerais da Universidade Federal de Pernambuco.

Na Paraíba, dos 18 municípios incluídos no estudo, apenas três - João Pessoa, Cajazeiras e Santa Helena - apresentaram padrão de potabilidade considerado bom.

"A situação na Paraíba é mais crítica. A água só é armazenada em períodos de muita chuva. No interior, na maioria dos casos não serve nem para irrigar, porque os poços têm volume de sal muito grande, que chega a até 8 gramas por litro", afirmou o geólogo Sidney Ribeiro Gonzalez.

Os trabalhos divulgados ontem pelos pesquisadores do IBGE estão disponíveis na página do instituto na internet.

OESP, 02/06/2007, Vida, p. A38

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