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País está em alerta para enchentes, afirma agência

OESP, Metrópole, p. C10
06 de Nov de 2009

''País está em alerta para enchentes'', afirma agência
Chuvas fazem ANA criar central de monitoramento; 21 reservatórios alcançaram nível crítico

Vannildo Mendes, Brasília

Em meio às maiores chuvas dos últimos dez anos, o País se prepara para uma nova onda de enchentes, transbordamento de reservatórios e danos à população, talvez mais rigorosa do que a de 2008, segundo alerta feito ontem pela Agência Nacional de Águas (ANA). A agência criou uma sala de situação, uma espécie de central de monitoramento de crise, para controlar diariamente o volume dos reservatórios, mobilizar a Defesa Civil dos Estados e minimizar as catástrofes que se avizinham, a julgar pelo ritmo das chuvas. Segundo a ANA, o nível dos principais reservatórios do País "é o mais alto da década para esta época do ano".

As regiões mais ameaçadas são Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Sudeste, os maiores riscos recaem sobre as bacias do Rio Paraíba do Sul, que corta uma das áreas mais ricas de São Paulo, e a do Rio Doce, que banha regiões igualmente produtivas e habitadas de Minas, como Governador Valadares. O País tem 20 mil reservatórios e os 630 maiores, monitorados pela ANA, estão quase todos próximos da saturação. O risco de inundações é maior nos 39 reservatórios que ultrapassaram os 90% de sua capacidade e crítico nos 21 onde a capacidade passou dos 95%.

Segundo o presidente da ANA, José Machado, a situação não é de pânico, mas efetivamente "o País entra em estado de alerta". Ele disse que com a sala de situação o governo federal vai operar à plena carga para minimizar os danos à população e às atividades econômicas. "É muita chuva e estamos com reservatórios cheios, além de solos saturados." Com excesso de chuva e solo encharcado, há precondições para transbordamentos não controlados, os mais graves, que causam inundações de lavouras e de áreas habitadas, com perdas de vidas, destruição de moradias e danos econômicos incalculáveis. "Não é certeza iminente, mas o risco de inundações e de danos é alto."

A sala de situação vai alertar com antecedência as estruturas de Defesa Civil Federal e dos Estados para que socorram as vítimas em tempo hábil. Um plano de evacuação será montado, à medida que o quadro hidrológico se defina melhor, para evacuar milhares de famílias em áreas de risco, como as que habitam várzeas e encostas. Serão realizadas também obras para conter o avanço das águas sobre populações urbanas e atividades agrícolas.

No Sudeste, na bacia do Paraíba do Sul, o Paraibuna está com 83,13% da capacidade, ante 61,26% no mesmo período de 2008. Guararema, Jacareí, São José dos Campos e Caçapava estão entre os municípios com maior risco de inundações.

Várias áreas densamente habitadas, fazendas e parques industriais estão na rota dos alagamentos em volta do Jaguari, cujo enchimento atingiu 95,62% neste mês. Entre os municípios ameaçados estão São José dos Campos, Jacareí, Tremembé e Taubaté.

No Sul do País, o reservatório mais próximo da saturação é o de Passo Fundo, na bacia do Rio Uruguai, que atingiu 98,61% da capacidade. Igualmente estão ameaçados o Munhoz e o Salto Santiago, na bacia do Iguaçu, respectivamente com 99,93% e 96% da capacidade.

NORDESTE

O Nordeste entrou desde o ano passado na lista de análise, ante um regime pluviométrico excepcional em alguns Estados e o fato de a região não ter um sistema eficiente de contenção de águas. Dos 317 grandes açudes da região, apenas três têm comportas para controlar a liberação de água e dispõem de sistemas de contenção a montante, para reter o enchimento. Mesmo esses estão perto da saturação.

É crítica a situação no Ceará, onde correm risco de inundações vários municípios banhados pela bacia do Rio Jaguaribe. Os reservatórios de Orós, Banabiu e Castanhão, os únicos que têm comportas, caminham para a saturação. O de Orós, o maior do Estado, atingiu 92,5% da capacidade e o de Castanhão, o segundo, já está com 82,4%. As cidades de Orós, Icó, Jaguaribara, Jaguaribe, Alto Santo e São João, Russas, Limoeiro do Norte, Morada Nova e Banabuiú correm mais riscos.

Pelas mesmas razões, o Rio Grande do Norte deve sofrer com alagamentos, sobretudo em torno dos reservatórios de Apodi, que já atingiu 96% da capacidade, e do Açu (91%). O reservatório Armando Ribeiro Gonçalves está com 91% da capacidade. No ano passado, com nível idêntico, houve inundações.

OESP, 06/11/2009, Metrópole, p. C10

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