Pai é preso ao agredir filho de três meses

O crime de violência doméstica cometido pelo pai contra o filho de apenas três meses, esta semana, na comunidade indígena do Villemon, região do Surumú, no município de Uiramutã, revoltou os moradores da comunidade, que detiveram o agressor e o deixaram amarrado até a chegada de uma equipe de policiais militares. Lerinildo da Silva Estácio, de 21 anos, índio da etnia Macuxi, foi conduzido até a Delegacia de Polícia Civil de Pacaraima e acabou autuado em flagrante por crime de tentativa de homicídio qualificado, por motivo fútil.

A criança foi socorrida por familiares até a sede de Uiramutã e de lá veio de avião junto com a mãe para Boa Vista e se encontra internada no Hospital da Criança Santo Antônio. O delegado Luciano Silvestre, titular do município de Alto Alegre, mas que está respondendo pela delegacia de Pacaraima, conversou com a reportagem da Folha e disse que decidiu autuar o pai por crime de tentativa de homicídio, depois de conversar com o médico que atendeu a criança no hospital e foi informado que o quadro clínico do bebê é muito grave.

"O médico informou que a criança sofreu traumatismo crânio encefálico e o mesmo corria risco de perder a vida", lembrou a autoridade policial. O bebê está internato numa UCI (Unidade de Controle Intensivo).

Luciano Silvestre disse que ouviu a mãe da criança e esta revelou que Lerinildo agrediu o filho porque o bebê estava chorando e não calava, fato este que serviu para que o crime fosse tipificado por motivação fútil. A mulher disse ainda que antes de agredir o filho, o companheiro desferiu nela um tapa porque não conseguia fazer o filho parar de chorar. Em seguida pegou a criança dos braços da mãe e se afastou, indo para dentro da mata próxima da casa, onde houve a agressão ao filho.

Ainda de acordo com informação repassada pelo delegado, o próprio Lerinildo confirmou em seu interrogatório ter agredido a criança. Segundo sua versão, que foi repetida ontem por ele à Folha, antes de ser entregue na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, o mesmo disse que estava sob efeito de caxiri - bebida alcoólica tipicamente indígena - quando agrediu a mulher e o filho. Contou que começou beber ainda pela manhã e no início da tarde quando foi para casa encontrou a mulher com o filho chorando no colo dela.

Como a mulher não conseguia fazer o filho parar de chorar, ele discutiu com ela e a agrediu. Depois pegou o filho no colo e foi para a mata, porém o bebê continuou chorando, momento em que, segundo suas palavras, aplicou um soco na cabeça do filho, que teria desmaiado, e em seguida o colocou no chão e ajoelhou ao lado para rezar. Logo depois, alguns familiares dele chegaram e pegaram a criança para socorrê-la. Lerenildo por sua vez foi contido pelos parentes até a chegada dos PMs.

Lerinildo disse que ficou descontrolado depois que bebeu o caxiri. Mas ontem, no DPJI (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), quando já estava sóbrio, se disse arrependido de ter agredido o filho. Ele passou por exame de integridade física no Instituto de Medicina Legal (IML) e depois foi entregue no presídio para aguardar a decisão da Justiça e caso seja denunciado pelo Ministério Público Estadual, poderá ser levado a Júri Popular.

REDE - Uma criança também indígena de três anos de idade morreu ontem no Hospital Santo Antônio, onde se encontrava internado desde o último dia 19, vítima de queda de uma rede, também na comunidade indígena, desta vez na maloca São Pedro, região do município de Normandia. O corpo da criança foi removido ao IML (Instituto de Medicina Legal) para estudo da causa da morte e depois entregue à família para fazer o sepultamento.

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