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Pagamento por ocas da cúpula gera disputa entre índios

FSP, Ciência+Saúde, p. C8
30 de Mai de 2012

Pagamento por ocas da cúpula gera disputa entre índios
Indígenas do Xingu alegam que valor combinado para construir cabanas não foi cumprido por organizadores

DENISE MENCHEN
DO RIO

O cacique Atawalu Totopyre Kamaiura enfrentou três dias de viagem entre sua aldeia no Alto Xingu (MT) e o Rio para construir uma das ocas da Kari-Oca, evento paralelo da Rio+20 que reunirá indígenas de todo o mundo para discutir o desenvolvimento sustentável.
Mas, ao chegar à cidade com outros 20 índios, ficou sabendo que o grupo terá de construir duas ocas e que o pagamento por pessoa será R$ 600 abaixo do esperado. "O documento que chegou [na aldeia] falava em R$ 1.500. Por isso é que a gente veio. Agora são R$ 900. É muito pouco", queixa-se.
Ele diz que o grupo está trabalhando cerca de dez horas por dia para acabar a construção a tempo do evento. O trabalho só pôde ser iniciado na última segunda, uma semana após a chegada do grupo, porque o terreno ainda estava coberto de mata.
"Para nós foi uma honra receber o convite", diz. "Mas o branco não trabalha à toa, e nós queremos receber."
O Kari-Oka é uma reedição do encontro indígena que ocorreu na Rio-92. Organizado pelo Comitê Intertribal, entidade criada em 1990 e comandada pelo indígena Marcos Terena, será palco de debates e de manifestações culturais e esportivas. A expectativa dos organizadores é reunir cerca de mil pessoas de diferentes povos.
Terena nega ter prometido R$ 1.500 aos índios e atribui o caso a um mal-entendido. Segundo ele, foi combinado que os índios receberiam uma "compensação" por terem deixado suas famílias no Alto Xingu, mas o valor não chegou a ser fechado.
"Eles falaram comigo que alguém disse para eles [que receberiam R$ 1500]. Não fomos nós da organização. Então fui explicar para eles que ninguém aqui na cidade ganha R$ 1.500. O moço que limpa o banheiro ganha uns R$ 600 por mês", diz Terena. "Tive de explicar o valor do dinheiro para eles."
Roberta Tojal, do Comitê Intertribal, diz que o contato com o grupo foi feito por meio de um membro da tribo que vive em Canarana (MT).
Segundo Terena, o Kari-Oka conta com o apoio do Ministério dos Esportes. Ele estima que o orçamento total será de R$ 1 milhão.
TRÂNSITO
A Prefeitura do Rio anunciou ontem que inverterá o sentido de vias usadas no horário do rush para favorecer o deslocamento de autoridades na Rio+20. O trânsito entre a Barra e a zona sul será o mais afetado.
As faixas reversíveis na orla da zona sul em direção ao centro, que ocorrem toda manhã, serão canceladas nos três dias. A avenida Niemeyer terá duas inversões por dia, contrárias ao fluxo no rush, o que deve gerar problemas no trânsito.

FSP, 30/05/2012, Ciência+Saúde, p. C8

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/45740-pagamento-por-ocas-…

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