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Pacaraima: situação é de conflito entre moradores, índios e Funai

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
11 de Dez de 2002

Clima é de muita tensão em Pacaraima

A situação do município de Pacaraima, que fica dentro da reserva indígena São Marcos, na fronteira com a Venezuela, se complica a cada dia. Os conflitos são constantes e ontem o clima de tensão piorou.

Há cerca de um mês índios retiravam madeira da mata, levando para uma fazenda desapropriada nas proximidades do município de Pacaraima. Na manhã de ontem, os indígenas começaram a construir uma cerca com o objetivo de evitar que os loteamentos urbanos avançassem. Os moradores afirmam que a cerca iria obstruir o trânsito até a cidade.

Revoltados com a situação, cerca de 200 moradores se juntaram e colocaram os índios para correr e queimaram a madeira colocada pelos indígenas. Depois foram até a cidade de Pacaraima e depredaram uma casa que serve de apoio para a Funai, pois acreditavam que os índios estavam agindo daquela forma incitados pelos diretores do órgão.

Diante da situação conflituosa, o delegado da Polícia Civil, Victor Faitão, mobilizou todo o apoio que conseguiu, com o objetivo de impedir que os populares destruíssem a casa.

Ele mostrou-se preocupado com a situação de tensão e teme que outros problemas envolvendo índios e a população voltem a ocorrer. As investigações acerca do caso estão a cargo da Polícia Federal.

AGRESSÃO - O servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio), Alexandre Pinto de Sá, foi agredido com uma barra de ferro por ocupantes do Morro do Quiabo, na sede do município de Pacaraima. As informações são do CIR (Conselho Indígena de Roraima).

Segundo a Assessoria de Comunicação do CIR, há cerca de dois anos moradores avançam sobre a área demarcada e homologada tem causado danos ambientais e às comunidades das circunvizinhanças.

Na versão do CIR, com o objetivo de tentar conter a ocupação da área indígena por não índios, 25 pessoas, entre servidores da Funai, agentes do Programa de Proteção e Fiscalização da Terra Indígena São Marcos e lideranças das comunidades indígenas iniciaram a construção de uma cerca com 11 quilômetros de extensão para proteger o Morro do Quiabo da ação dos invasores.

Segundo informação obtida junto à Assessoria de Comunicação do CIR, quando tentava dar continuidade ao trabalho, na manhã de ontem, a equipe foi expulsa do local por populares armados com paus, facas, terçados e pedras.

As estacas colocadas na segunda-feira para a construção da cerca foram arrancadas e queimadas pelos integrantes da ocupação. O servidor Alexandre Pinto acabou sendo agredido com o uma barra de ferro por um invasor não identificado. Ele está fora de perigo.

Os servidores da Funai e os índios estiveram refugiados até o final da tarde de ontem no malocão de reuniões, localizado na sede do Programa São Marcos, às margens do rio Surumu, acerca de 20 quilômetros do local da invasão.

O coordenador interino do Programa, Luciano Carvalho, informou por telefone que toda a equipe está segura. O clima na cidade de Pacaraima ficou tenso, pois há informações não confirmadas de que líderes da invasão incitam a população a deslocar ao malocão, o que poderia resultar em outro enfrentamento.

O administrador regional da Funai, Martinho Andrade Júnior, esteve em Pacaraima acompanhando o desenrolar do caso e solicitou a intervenção da Polícia Federal para que os agressores do servidor Alexandre Pinto fossem presos. Também solicitou reforço policial para evitar outros incidentes envolvendo servidores ou indígenas.

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