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Outono começa com água de sobra

OESP, Metrópole, p. C8
21 de Mar de 2006

Outono começa com água de sobra
Reservatórios da Grande SP estão cheios e não há risco de racionamento

Mauro Mug

O verão acabou. O outono chegou. Nos próximos dias, começa o período de estiagem, com redução das chuvas de abril até outubro. Mas, ao contrário dos últimos anos, não há o risco de haver rodízio no abastecimento de água na Grande São Paulo, pois os mananciais encontram-se com boa capacidade de armazenamento. "Os oito sistemas produtores da região somam um volume de 66,6% de água destinado ao abastecimento", destacou Paulo Massato, diretor metropolitano da Sabesp.

Para se ter uma idéia, o Sistema Cantareira está com um volume de armazenamento de 62,9%, o melhor nível dos últimos oito anos. Índice bem diferente do crítico 1,6%, registrado no dia 1o de dezembro de 2003 - o mais baixo desde 1973, quando o sistema começou a operar. De outubro do ano passado até ontem, choveu, nas represas que formam o Sistema Cantareira, 1.121 milímetros, 38 mm a menos que a média histórica.

Isso significa o fim do ciclo crítico de estiagem, que registrou chuvas abaixo das médias históricas a partir de 2002. Desde então, a queda constante do nível dos mananciais fez com que a Sabesp admitisse a possibilidade de racionar o abastecimento pelo Sistema Cantareira para 9 milhões de moradores da capital e de 10 municípios da Grande São Paulo, a partir de fevereiro de 2004. Um problema que 440 mil moradores dos municípios de Embu, Embu-Guaçu, Cotia, Vargem Grande e Itapecerica da Serra já enfrentavam desde outubro daquele ano devido ao nível baixo do Sistema Alto Cotia.

Massato garante que este ano não haverá racionamento ou rodízio no abastecimento. No entanto, a sua preocupação é com o alto consumo, que se encontra bem próximo dos 69 mil litros por segundo produzidos. "Em 2004, a população consumia 63.300 litros por segundo; em 2005, 64.800, e, nos primeiros meses deste ano, 67.200 litros. É preocupante, pois estamos com o consumo no limite." Segundo ele, a esperança é que a produção seja aumentada em mais 5 mil litros por segundo, com a ampliação da Estação de Tratamento de Taiaçupeba, no Alto Tietê.

Em 2004, para evitar que o racionamento atingisse o Sistema Cantareira, a Sabesp realizou uma megacampanha para reduzir o consumo e concedeu descontos para quem economizasse. Durante o carnaval daquele ano, veio uma colaboração de São Pedro. Fortes chuvas atingiram os mananciais e, em 20 de abril, o nível do Cantareira chegou a 19,5%.

Mesmo assim, professores, engenheiros e técnicos previam racionamento para os próximos meses, pois para enfrentar o período de estiagem o nível deveria estar em pelo menos 30%. Apesar das previsões pessimistas, não houve racionamento. "Os especialistas erraram. A natureza é sábia", disse Massato.

OESP, Metrópole, 21/03/2006, p. C8

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