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Os ingredientes das matas, em boxes e prateleiras

OESP, Paladar, p. 4
30 de Nov de 2006

Os ingredientes das matas, em boxes e prateleiras
Amigos da Terra fazem em fevereiro nova edição do Mercadão Floresta, para vender alimentos nativos e discutir a atual cozinha brasileira

Lucinéia Nunes

Já provou vinagre de mel da Caatinga ou o próprio mel elaborado por uma das 230 espécies de abelhas nativas? Que tal um pouco de arroz selvagem do Pantanal ou óleo de castanha do Pará, dendê ou buriti? São inúmeros os produtos extraídos de matérias-primas brasileiras ainda pouco difundidas e exploradas comercialmente. Para mudar esse cenário, a ONG Amigos da Terra - Amazônia Brasileira mantém entre os seus projetos o Balcão de Serviços para Negócios Sustentáveis, que apóia o desenvolvimento de bases comunitárias e florestais.

Uma amostra do que é proveniente das florestas brasileiras e deve chegar em breve às prateleiras será comercializado entre os dias 2 e 11 de fevereiro, de 2007, no evento Mercadão Floresta, inspirado no festival do ano passado, na Oca, com exposição de produtos e receitas elaboradas por grandes chefs. Desta vez, o evento ocorrerá no Mercado Municipal Paulistano, tendo como foco a comercialização de artesanatos e alimentos, entre os quais estão doces, compotas e polpas a partir de frutas e frutos dos diversos biomas brasileiros, como Amazônia, Cerrado e Caatinga, ainda farinhas de mandioca, castanha e baru, palmitos pupunha e Jussara de origens manejadas, mel, geléias e licores.

'Nosso objetivo é fazer com que as comunidades usem as florestas para fazer bons negócios e percam o interesse em derrubar a própria galinha dos ovos de ouro', afirma Roberto Smeraldi, diretor da entidade. 'Percebi como historiador e gastrônomo que falta consciência do que temos e somos. Dentro da nossa biodiversidade encontramos produtos que são únicos, constituem um patrimônio do País e muitas vezes com grande potencial de acesso aos mercados interno e externo. É importante agregar valor à esse produto.'

Para que isso ocorra, a ONG fomenta uma cultura de cooperativismo e a manutenção dos padrões de processamento. 'Temos de especificar o nosso terroir e fazer com que os produtos cheguem ao consumidor, à indústria e aos chefs. Não se pode falar de uma cozinha regional sem vincular os produtos do território', diz Smeraldi. 'E os nichos têm hoje maior potencial de valorização. É preciso investir, criar DNA, rotulá-lo e divulgá-lo.Tenho a convicção de que o Brasil pode fazer uma renovação na cozinha, chegar a uma nova filosofia do gosto. E só consigo enxergá-la na diversidade desses ingredientes, que são um estímulo criativo.'

Para provocar esse movimento na gastronomia brasileira, o consumidor deve ter mais curiosidade e menos preconceito. 'Procurar na embalagem certificações socioambientais. Verificar a procedência, a origem e a cadeia daquele produto. Conhecer os ingredientes nativos e a época em que são encontrados frescos.' No site do Balcão de Serviços (http://negocios.amazonia.org.br/), por exemplo, é possível encontrar diversos empreendimentos apoiados pela ONG.

OESP, 30/11/2006, Paladar, p. 4

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