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Os desafios do desmatamento brasileiro e da descarbonização

Valor Econômico - https://valor.globo.com/
17 de Mai de 2024

Os desafios do desmatamento brasileiro e da descarbonização
Por Pedro Miranda, CEO da Abundance, fala neste artigo sobre o uso de ferramentas de tecnologia e participação ativa do poder público e da iniciativa privada para evitar desmatamento e promover a preservação ambiental

Pedro Miranda

17/05/2024

O desmatamento no Brasil é um desafio ambiental de proporções globais, com implicações profundas para a biodiversidade, o clima e o bem-estar humano. Desde os tempos coloniais, a remoção da vegetação tem sido uma realidade, impulsionada pelo desenvolvimento econômico. Atualmente, o desmatamento é mais evidente nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado e na Amazônia, colocando o país como um dos líderes mundiais nesse índice alarmante.

Embora haja esforços governamentais para enfrentar esse problema, os resultados muitas vezes não são suficientes para conter o avanço do desmatamento. Nos dados divulgados pelo MapBiomas, mais de 97% dos alertas de desmatamento emitidos desde 2019 não foram fiscalizados pelas autoridades brasileiras. Essa falta de fiscalização efetiva demonstra uma lacuna significativa entre a identificação dos problemas e as ações concretas para resolvê-los.

Em março de 2022, o governo federal conseguiu fiscalizar apenas 2,17% dos alertas de desmatamento. Essa ineficácia na aplicação das políticas públicas destinadas a proteger o meio ambiente é preocupante e indica a necessidade urgente de uma abordagem mais robusta e proativa por parte das autoridades. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), responsável pela fiscalização, tem lutado para atender à demanda, mesmo com o apoio do Exército em algumas operações.

A realidade é que temos tecnologia e oportunidades para reverter esse cenário. As soluções para enfrentar o desmatamento, tanto em escala global quanto regional, demandam uma abordagem abrangente e integrada. É crucial que se reduza o volume desmatado, preservando a biodiversidade e assegurando condições de vida adequadas para a população. A implementação de um modelo econômico de produção baseado no desenvolvimento sustentável também seria capaz de auxiliar. Isso implica não apenas em práticas que respeitem os limites ambientais, mas também que promovam a recuperação e regeneração dos ecossistemas afetados.

Além disso, a participação ativa do poder público e da iniciativa privada é essencial no desenvolvimento e implementação de ações de preservação ambiental. Isso inclui a aplicação eficaz da legislação ambiental por meio de fiscalização rigorosa e punição de crimes ambientais. Ao mesmo tempo, incentivos como bonificações para produtores rurais e outros agentes econômicos que contribuem para a preservação de áreas de floresta são importantes para estimular práticas sustentáveis.

Políticas públicas mais abrangentes e eficazes são urgentemente necessárias. Investimentos em fiscalização, aplicação de leis ambientais mais rigorosas e incentivos para práticas sustentáveis são algumas das medidas que podem ser adotadas para enfrentar o desmatamento. O recente lançamento de um programa com investimento de R$ 730 milhões para promover o desenvolvimento sustentável e combater o desmatamento na Amazônia é um passo na direção certa, mas é preciso mais.

A criação de unidades de conservação e preservação ambiental, especialmente em regiões com alta biodiversidade, e a promoção de políticas de reflorestamento com espécies nativas e repovoamento de animais são medidas adicionais que contribuem significativamente para reverter os danos causados pelo desmatamento e garantir um futuro mais sustentável para o planeta.

É evidente que a conscientização da sociedade também é fundamental para enfrentar o desmatamento. A população precisa compreender as consequências devastadoras dessa prática, tanto para o meio ambiente quanto para as comunidades locais que dependem dos recursos naturais para sua subsistência. Educar e engajar a sociedade civil, desde os indivíduos até as organizações, é essencial para criar uma cultura de conservação e sustentabilidade.

Além de deter o desmatamento, é igualmente crucial investir em iniciativas de reflorestamento e restauração de ecossistemas degradados. O plantio de árvores não apenas contribui para a mitigação das mudanças climáticas, capturando carbono da atmosfera, mas também promove a biodiversidade e beneficia as comunidades locais. Somente através de uma cooperação coordenada e de políticas públicas sólidas podemos proteger nossas florestas e garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.

Sobre o autor

Pedro Miranda é CEO da Abundance Brasil, climate-tech com foco em impulsionar a restauração ambiental. Graduado em Engenharia pela Universidade Federal de Minas Gerais, Pedro Miranda iniciou sua carreira na Emtel Logística como Desenvolvedor de Negócios, logo após, Diretor de Marketing na IA Polsec, onde permaneceu por mais de um ano e meio. Com o desejo de empreender, fundou a Abundance, que está no mercado há mais de três anos, com a missão de impulsionar a economia com zero emissões de carbono.

https://valor.globo.com/brasil/esg/artigo/os-desafios-do-desmatamento-b…

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