Agência de Informações Frei Tito
03 de Nov de 2003
Integrantes das comunidades saltenhas "El Tabacal" e "Ava Guarani", da localidade de Hipólito Irigoyen, fazem desde a manhã da última quarta-feira, 29 de outubro, uma marcha a pé de 266 Km em direção a capital da província. Neste local, pretendem reclamar às autoridades o direito a posse de suas terras ancestrais conhecidas como "La Loma", das quais foram violentamente desalojados no dia 16 de setembro por ordem do juiz Oscar Blanco, depois de um pedido do Engenho San Martín del Tabacal.
Na cidade de Salta, tentarão obter uma audiência com o governador Juan Carlos Romero, e caso não recebam respostas, anunciaram que partirão imediatamente para a capital federal. Os Ava Guarani também pedem punição para os responsáveis pela repressão desmedida durante o despejo, quando efetivos policiais agrediram e promoveram simulações de fuzilamento com as pessoas que estavam lá. A operação foi realizada sem que se mostrasse nenhuma ordem judicial, deixando como saldo feridos e 24 detidos, entre crianças, mulheres e anciãos.
As terras em disputa, conhecidas como "La Loma", abrangem entre 3 mil e 5 mil hectares e correspondem ao território ancestral dos guaranis, que habitavam a região antes da fundação da missão San Francisco del Altozano del Tabacal em 1938.
Apesar de uma série de despejos progressivos, "La Loma" permaneceu sendo utilizada diariamente como meio de subsistência e para a visitação aos seus antepassados, já que no lugar se encontra um cemitério indígena.
Devido às condições de superpopulação registradas no povoado de Hipólito Irigoyen, os integrantes da Comunidade Indígena Guarani Estação El Tabacal promoveram a reocupação definitiva das terras para a construção de moradias. O fato ocorreu no dia 9 de setembro deste ano e com o passar dos dias foram se agregando integrantes das outras duas comunidades indígenas da localidade. No momento do despejo, cerca de 150 famílias pretendiam iniciar a construção de suas casas.
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