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Órgão relata expansão de cana na Amazônia

FSP, Brasil, p. A8
01 de Jun de 2008

Órgão relata expansão de cana na Amazônia
Documento da Embrapa desautoriza Lula que, em fóruns internacionais, diz que área não é propícia a essa cultura
Dados mostram que, até 2012, cidade do Acre deve aumentar quase dez vezes a área plantada -chegando ao equivalente a 30% de SP

Da sucursal de Brasília

A menos de dois meses do prazo previsto para o Ministério da Agricultura concluir proposta de zoneamento agrícola que bloquearia o avanço da cana-de-açúcar na Amazônia, documento oficial aponta crescimento da cultura dentro do bioma amazônico, nos Estados do Acre, de Roraima e do Pará.
Até 2012, um único município do Acre deve multiplicar quase dez vezes a área plantada, alcançando o equivalente a 30% da cidade de São Paulo, aponta documento produzido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculado ao Ministério da Agricultura, e cujos estudos têm pesado nas análises do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a Amazônia.
O documento a que a Folha teve acesso desautoriza declarações de Lula em fóruns internacionais. O presidente insiste que a Amazônia não é propícia ao cultivo da cana e que as áreas plantadas estão "muito distantes" da floresta. O documento é um subsídio ao PAS (Plano Amazônia Sustentável).
Segundo a Embrapa, projeto que conta com financiamento do governo do Acre -comandado pelo PT-, já teria plantado 45 quilômetros quadrados de cana no município de Capixaba, a apenas 60 km de Rio Branco.
Em Roraima, dois empreendimentos implantados no ano passado planejam ocupar 90 quilômetros quadrados com a cultura até 2009. O destino da produção, anota documento da Embrapa, seriam os mercados da Amazônia e da Venezuela, que introduziria o álcool como aditivo à gasolina.
Ao deixar o governo, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva voltou a defender que as culturas de cana se mantivessem distantes da Amazônia, como forma de viabilizar o selo ambiental ao álcool brasileiro. Marina descartava até o uso de áreas já desmatadas e preferia acreditar que as culturas existentes eram "projetos senis".
Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), registraram o aumento em 9,6% na última safra de cana na Amazônia Legal -de 17,6 milhões de toneladas para 19,3 milhões de toneladas-, com crescimento da área plantada em Mato Grosso, Tocantins e Amazonas. (Marta Salomon)

FSP, 01/06/2008, Brasil, p. A8

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