VOLTAR

Operação flagra desmatamento ilegal no AM

FSP, Ciência, p. A26
07 de Ago de 2004

Operação flagra desmatamento ilegal no AM
Área devastada por madeireiros e pecuaristas no sul do Estado em 2 anos é 20 vezes maior que Fernando de Noronha

Kátia Brasil
Da Agência Falha, em Extrema (RO)

Madeireiros e pecuaristas de Rondônia e do Acre desmataram ilegalmente uma área de floresta nativa de 37,3 mil hectares, entre 2002 e 2004, numa região perto da tríplice fronteira entre os dois Estados com o Amazonas.
A área desmatada equivale a 20 arquipélagos de Fernando de Noronha. Ela fica no Amazonas, ao sul do município de Lábrea (a 954 km de Manaus).
Mas os desmatamentos, até agora registrados apenas por satélites, podem ser ainda maiores. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) está cruzando os dados dos satélites com os colhidos pelas equipes de campo, numa força-tarefa denominada Operação Tauató- primeira medida do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia.
Os trabalhos começaram no último dia 28 e, em 30 dias, o Ibama deve apresentar um diagnóstico parcial da devastação na região. "Com certeza o desmatamento é muito maior", disse o chefe da Fiscalização do Ibama no Amazonas, Adilson Cordeiro.
As frentes de desmatamento ao sul de Lábrea, segundo o Ibama, se expandiram a partir da BR-364, em Rondônia. De lá, os madeireiros partiram para o Amazonas, abrindo corredores com tratores no meio da selva.
O resultado da ação foi o surgimento dos ramais (estradas secundárias) Mendes Júnior -cujo acesso é feito por Nova Califórnia- e dos Baianos e Jequitibá, dos quais a porta de entrada foi o distrito de Vista Alegre do Abunã.
De quarta-feira até ontem a reportagem acompanhou a operação, que montou sua base operacional na cidade de Extrema (a 340 km de Porto Velho).
Três madeireiros foram indiciados por crimes ambientais, quatro motosserras e três tratores foram apreendidos e dezenas de acampamentos foram destruídos.
Cerca de 60 pessoas integram a operação, apoiadas pela Polícia Militar do Amazonas, Ministério do Trabalho, Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Ministério Público Federal e Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), entre outros. O custo da operação é de aproximadamente R$ 120 mil.
Para ter acesso a parte da área devastada, os fiscais tiveram de usar motosserras. Os madeireiros fazem uma "cortina" com troncos para driblar a fiscalização.
Mas quando a "cortina" cai, o resultado é impressionante. O analista ambiental Jair Schmitt explica que essa região devastada também é alvo de grileiros.
Dentro do ramal Jequitibá, por exemplo, o Ibama encontrou cinco acampamentos escondidos dentro da floresta. Pelos rastros deixados pelos extratores contratados pelos madeireiros, estima-se que entre 20 e 30 pessoas faziam parte dos acampamentos, que contavam até com geradores e depósitos para água e munição.
O advogado Luiz Eduardo Staut, que faz a defesa de um dos madeireiros indiciados, classificou de absurda a força-tarefa.
"Estão usando metralhadoras para intimidar os fazendeiros. Não somos bandidos", disse.
"Isso é um excesso de valorização do crime ambiental, essa derrubada [devastação] é pequena, uns 200 hectares."

FSP, 07/08/2004, Ciência, p. A26

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.