'Operação Cidadania' do governo mascara Belo Monte

Nesta segunda-feira (18), o governo federal iniciou o plano de ação para a chamada Operação Cidadania Xingu, que pretende levar desenvolvimento sustentável aos 11 municípios do entorno da futura hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Oficialmente, a intenção é reduzir os impactos socioambientais causados pela obra, mas, para as comunidades locais, é mais uma tentativa de "mascarar o crime que esse governo, que se diz popular, está cometendo contra a sua população. Não só a do Xingu, mas a brasileira".

Essa foi uma fala da líder comunitária e coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antonia Melo. Segundo ela, nenhuma das entidades que compõem a frente de resistência a Belo Monte se propôs a participar das ações do governo por acreditar que o projeto é inaceitável e desastroso. "Estão gastando dinheiro público e colocando no bolso de empreiteiras e políticos. E para 'seduzir' e enganar a população, além de ganhar o respaldo da justiça, criam projetos mirabolantes para fingir que compensam os danos causados por eles", defendeu ela.

De um lado, o governo intitula suas ações de "Operação Cidadania" e, de outro, o que se escuta dos relatos das comunidades é que só vêm crescendo a insegurança e violência, os postos de saúde não têm dado conta do contingente populacional, tampouco as escolas, além das 90 mil casas sem tratamento de água e esgoto. "A população não acredita mais no governo. Queremos apenas que as políticas públicas sejam implementadas a rigor, como manda a lei", concluiu Antonia.

PDRS e Casa do Governo

A Operação faz parte de um pacote do governo para o desenvolvimento dos municípios da região, junto com o comitê gestor do Plano de Desenvolvimento Regional do Xingu (PDRS) e a criação da Casa do Governo Federal, que terá sede em Altamira e será instalada no dia 28. A ideia é acompanhar as obras que os empreendedores são obrigados a fazer antes da construção da usina, previstas nas condicionantes da Licença de Instalação, além da implementação das ações do PDRS, que visa dar atendimento às comunidades da área de influência da usina.

A ação é uma parceria de instituições federais, estaduais e municipais. Ao todo, pretende-se aplicar cerca de 120 medidas prioritárias, entre regularização ambiental e fundiária, saúde, educação, segurança pública e estradas. O plano de ação para a região do Xingu, que conta com 336 mil habitantes, será traçado até o fim desta semana.

Antonia Melo é representante dessa população mesma que se quer atender. No entanto, ela entende que "Belo Monte é inviável com ou sem PDRS, com ou sem o cumprimento das condicionantes, com ou sem ações compensatórias". Segundo ela, no dia 29 deverá haver uma manifestação de entidades que são contra a usina.

Conforme cronograma oficial, na primeira semana de agosto começa o mutirão de atendimento à população. As atividades começarão por Altamira, nos dias 3 e 4. Até o final de outubro, o governo pretende contemplar a todos os 11 municípios.

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