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ONU propõe limites para emissões de carbono por aeronaves

O Globo, Sociedade, p. 20
10 de Fev de 2016

ONU propõe limites para emissões de carbono por aeronaves
Ambientalistas, porém, criticam a força da proposta anunciada

Depois de seis anos de muitas negociações, a indústria da aviação internacional concordou, pela primeira vez, com um pacote de regras para frear as emissões de dióxido de carbono das aeronaves. A proposta de acordo tem por objetivo limitar esta que é uma crescente fonte de gases do efeito estufa.
Hoje, o transporte aéreo responde por mais de 3% das emissões globais de dióxido de carbono, mas analistas acham que o volume de gases emitidos por aeronaves pode triplicar até meados deste século, devido a um esperado aumento na quantidade de viagens nas próximas décadas.
O acordo foi anunciado anteontem, em Montreal, no Canadá, onde 170 especialistas participaram de um encontro da Organização Internacional de Aviação Civil ( Icao, na sigla em inglês), agência das Nações Unidas para a aviação.
As restrições, cujos detalhes ainda não foram oficialmente divulgados, deverão ser respeitadas por todas as aeronaves que chegarem ao mercado a partir de janeiro de 2028. As orientações, portanto, excluem aviões que já estão sendo utilizados. Como a maioria das aeronaves de grande porte tem vida útil de 20 a 30 anos, ambientalistas estão criticando o acordo, afirmando que vai demorar demais até o mundo perceber seus efeitos.
Segundo órgãos internacionais, as novas diretrizes levarão a uma redução de, em média, 4% no consumo de combustível pelas empresas de transporte de passageiros e de carga. De acordo com o governo americano, que aplaudiu a proposta, o acordo levaria uma diminuição de 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono lançado na atmosfera entre 2020 e 2040.
' NÃO VAI FAZER DIFERENÇA'
A proposta, no entanto, ainda necessita da aprovação do conselho da agência, composto por representantes de 36 governos, em junho deste ano. Em seguida, deve ser endossada na assembleia do conselho, em outubro. Então, o pacote de regras terá que ser validado por cada país- membro em suas legislações nacionais. Os governos estariam livres para impor restrições maiores.
"Este é outro exemplo do nosso compromisso de trabalhar com a comunidade internacional em prol de políticas para reduzir a poluição de carbono mundial", afirmou, em um comunicado, Michael Huerta, chefe da Administração da Aviação Federal ( FAA, na sigla em inglês), agência reguladora do setor nos EUA.
Grupos ambientalistas, por outro lado, não estão convencidos de que as orientações trarão os benefícios desejados.
- A proposta não vai fazer diferença na curva crescente de emissões geradas pelas companhias aéreas, e isto é deplorável - disse a advogada Vera Pardee, do Centro para a Diversidade Biológica, em entrevista ao "New York Times". - É simplesmente injusto. O governo americano deve criar padrões mais exigentes para as companhias. Seria uma medida importante para outros governos seguirem.
UM PASSO ADIANTE
O especialista Daniel Rutherford, do Conselho Internacional para o Transporte Limpo ( ICCT), na Califórnia, também acha que o acordo anunciado pela Icao poderia ter sido mais contundente. Segundo um estudo do ICCT divulgado em dezembro de 2015, fabricantes de aeronaves poderiam reduzir o consumo médio de combustível em 25% até 2024 e em 40% até 2034 de forma eficiente, aprimorando tecnologias mecânicas e a aerodinâmica, bem como diminuindo o peso dos aviões. Contudo, o ambientalista vê as diretrizes criadas como um passo adiante.
- Essas regras tendem a se tornar relevantes com o tempo, conforme você as atualiza e as torna mais restritivas.
O acordo é o mais recente de uma série de esforços para reagir às mudanças climáticas. Até então, aeronaves não haviam sido incluídas em tratados mundiais com esse fim, como o Acordo de Paris, resultante da última Conferência do Clima, em dezembro do ano passado, e o Protocolo de Montreal, que deve ser concluído até o final deste ano.
"Cada passo em apoio às medidas ambientais da Icao é importante, e tenho certeza de que o conselho vai receber muito bem essa conquista", afirmou em uma declaração divulgada à imprensa o presidente do conselho da agência da ONU para a aviação, Olumuyiwa Benard Aliu.

O Globo, 10/02/2016, Sociedade, p. 20

http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/agencia-da-onu-propo…

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