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ONU estuda recompensa por luta contra o desmatamento

OESP, Vida, p. A36
19 de Mai de 2007

ONU estuda recompensa por luta contra o desmatamento
Mecanismo seria similar ao usado para direitos de emissão de gás carbônico

EFE

A Organização das Nações Unidas (ONU) estuda recompensar a luta contra o desmatamento com um mecanismo similar ao aplicado aos direitos de emissão de gás carbônico, afirmou ontem o diretor de Ordenação Florestal da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o chileno José Antonio Prado.

De acordo com Prado, que nesta semana participou em Sevilha (Espanha) da 4ª Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais, grupos científicos da convenção contra a mudança climática já trabalham no novo procedimento, denominado "desmatamento evitado".

O Protocolo de Kyoto estabelece o denominado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que prevê que empresas podem descontar de suas emissões de CO2 os investimentos em energias renováveis realizados em países em desenvolvimento. De forma similar, o desmatamento evitado compensaria economicamente as atuações em reflorestamento em função do volume de CO2 que a vegetação protegida capta da atmosfera.

Dados da FAO mostram que a cada ano 13,4 milhões de hectares de florestas são derrubadas (boa parte por queimadas), ante apenas 5,6 milhões de hectares replantados. O desmatamento é responsável por cerca de 17% das emissões de CO2 por ano, segundo dados do último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Prado lembrou que a FAO trabalha há anos para que todos os países assumam compromissos na luta contra os incêndios florestais e apliquem os critérios de gestão do fogo do organismo. Ele acredita, no entanto, que a ameaça global das mudanças climáticas intensificará a cooperação com os países em desenvolvimento.

"Para a FAO, os incêndios florestais constituem um assunto prioritário há muitos anos, não só por seu tremendo impacto ambiental, mas também pelo social, já que põem em risco o meio de subsistência de muita gente", disse.

PROPOSTA BRASILEIRA

O incentivo defendido pela agência da ONU ecoa na proposta do governo brasileiro, que defende a criação de um fundo voluntário para compensar os países tropicais que reduzirem a perda de carbono de suas florestas por deixarem de derrubar árvores.

A proposta tem sido debatida há meses em reuniões internacionais sobre mudanças climáticas. Mas para a floresta em pé virar dinheiro na forma de créditos ou fundo, ela precisa ser aprovada pela Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas, que se reúne em dezembro, na Indonésia.

Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cometeu uma gafe ao se antecipar à decisão. Ele questionou quem é que está recebendo créditos de carbono no mundo - como se algum projeto já tivesse sido aprovado - e cobrou dos países ricos um pagamento pela redução do desmatamento na Amazônia, que segundo dados do governo foi de 52% nos últimos dois anos. "Era para termos recebido alguns centavos de dinheiro, de dólar, de crédito de carbono. Até agora não recebemos", disse o presidente.

OESP, 19/05/2007, Vida, p. A36

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