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ONU escolhe nova líder para o clima

OESP, Vida, p. A19
18 de Mai de 2010

ONU escolhe nova líder para o clima
A costa-riquenha Christiana Figueres foi nomeada pelo secretário-geral Ban Ki-moon

Reuters e AP

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, escolheu ontem a diplomata costa-riquenha Christiana Figueres, de 53 anos, para chefiar as negociações do clima, com o objetivo de firmar um novo tratado internacional para frear as mudanças climáticas. Ela vai substituir o holandês Yvo de Boer, que deixa o cargo de secretário executivo da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) a pedido, em julho.
Christiana bateu o ex-ministro sul-africano do Meio Ambiente Marthinus van Schalkwyk, que tinha o apoio do Brasil. Seu papel será mobilizar os países para criar um acordo que continue ou suceda o Protocolo de Kyoto, após o fracasso da Conferência do Clima da ONU (COP-15), em Copenhague, no ano passado. O primeiro período do compromisso de Kyoto se encerra em 2012 e é preciso que os países definam metas de redução dos gases-estufa para o período posterior.
Apesar de o Brasil apoiar oficialmente o sul-africano, diplomatas brasileiros acreditavam que Ban Ki-moon escolheria uma mulher de país em desenvolvimento. Há o receio de que ela defenda interesses dos Estados Unidos nas negociações.
Christiana integra a equipe de negociadores da Costa Rica para a mudança climática desde 1995. Empresários e pessoas envolvidas no mercado de emissões de carbono apreciaram a escolha, segundo Andrei Marcu, chefe de assuntos regulatórios da empresa negociadora de petróleo Mercuria, que defende as companhias nas negociações da ONU.
Algumas ONGs também aprovaram a escolha. "Ela vem negociando em nome de um país que pretende neutralizar suas emissões de carbono até 2021. É disso que precisamos no palco global", afirmou o coordenador internacional de política climática do Greenpeace, Wendel Trio.
Segundo Ban Ki-moon, Christiana "é uma líder internacional em estratégias para enfrentar a mudança climática global e traz para a posição uma paixão pelo tema", profundo conhecimento das negociações e valiosa experiência com os setores público e privado e ONGs. Para Suzana Kahn, ex-secretaria nacional de mudanças climáticas, ela é transparente, descomplicada, objetiva e tem boa argumentação.
Prioridades. Christiana afirmou ter duas prioridades imediatas. A primeira é trabalhar com o secretário-geral da ONU para reforçar a confiança no processo de negociação. A segunda é apoiar a Dinamarca (responsável pela organização da conferência do clima no ano passado) e o México (responsável pela reunião deste ano, a COP-16) para que o encontro em Cancún, no fim de 2010, seja bem-sucedido. Em geral, os países não têm mais esperanças de alcançar um acordo juridicamente válido ainda neste ano. Yvo de Boer também não crê num acordo legalmente vinculante em 2010.
Mas ele desejou sucesso e fez elogios: "Eu a conheço há anos e posso testemunhar seu profundo compromisso com o trabalho de estabelecer um regime climático eficaz. Ela está familiarizada com os diferentes interesses que as negociações devem abordar para ter êxito."
A ministra de Clima e Energia da Dinamarca, Lykke Friis, disse que Christiana obteve apoio unânime ontem de nações-chave em uma reunião em Bonn, na Alemanha, onde fica a sede da UNFCCC. Uma fonte conhecedora do assunto afirmou: "Se queriam um burocrata técnico, ela é provavelmente o melhor que podem obter." /

Quem é

Christiana Figueres, secretária executiva da convenção do clima da ONU

Participa da equipe de negociadores de clima da Costa Rica desde 1995. É mestre em antropologia pela London School of Economics, atuou em ministérios e foi fundadora do Centro de Desenvolvimento Sustentável das Américas. Seu pai, José Figueres Ferrer, foi presidente da Costa Rica três vezes.

Para entender

O secretário executivo da UNFCCC media as negociações de clima no âmbito das Nações Unidas e tem de lidar com os interesses dos países que participam da Convenção do Clima para chegar a um acordo que minimize os impactos das mudanças climáticas. Na COP-15, Yvo de Boer foi criticado por não ter alcançado um acordo forte na conferência.

OESP, 18/05/2010, Vida, p. A19

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100518/not_imp553159,0.php

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