OESP, Vida, p. A17
26 de Nov de 2008
ONU aponta emissão recorde de gases-estufa
Entre 2006 e 2007, a concentração de CO2 na atmosfera cresceu 0,5% e a de N2O, 0,25%; para Nações Unidas, dados revelam fracasso de Kyoto
Jamil Chade
A Organização Mundial de Meteorologia (OMM), órgão das Nações Unidas, alertou ontem que as emissões de dióxido de carbono (CO2) e de óxido nitroso (N2O), gases causadores do efeito estufa, atingiram níveis jamais registrados pelos cientistas em 2007. Praticamente às vésperas de mais uma rodada de negociações para a elaboração de um acordo sobre mudanças climáticas, a agência da ONU alerta que todo o esforço internacional para reduzir as emissões de CO2 e de N2O até agora não surtiram efeitos.
Segundo a OMM, a concentração dos dois gases atingiu em 2007 níveis jamais registrados pelos cientistas. O gás metano registrou também o maior incremento em uma década. "O CO2 e o N2O estão crescendo continuamente e não há sinais de que essa tendência esteja perdendo ritmo", afirmou Geir Braathen, principal responsável da entidade pela questão de emissões. Para ele, já há comprovações suficientes de que são os gases emitidos que estão colaborando para acelerar as mudanças climáticas em todo o mundo, gerando maiores secas em algumas regiões e inundações em outras.
Os alertas da ONU indicam ainda uma elevação dos níveis dos mares que ameaça pelo menos 200 milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras.
Segundo os dados revelados ontem em Genebra, a concentração de CO2 na atmosfera aumentou em 0,5% entre 2006 e 2007, atingindo o recorde de 383,1 partes por milhão. Desde o século 18, a concentração de CO2 na atmosfera aumentou em 37%. O que assusta os cientistas é que, desde 1990, esse aumentou foi de 24%.
A concentração de N2O aumentou em 0,25%. Sobre o gás metano, a ONU alerta que seria cedo demais para concluir que o aumento recorde de 2007 seja uma tendência que será observada no futuro. O gás é gerado por atividades humanas como combustão de energia fóssil e na agricultura.
O tema será alvo das negociações que começam na próxima semana na Polônia. Esperava-se que o Protocolo de Kyoto impedisse o crescimento das emissões. Mas, como o Estado informou há um mês, os níveis de crescimento de emissões estavam batendo todos os recordes nos últimos anos, mesmo com as medidas de controle.
Nas negociações diplomáticas, a insistência dos governos será a de que países emergentes - como China, Índia e Brasil - aceitem cortes profundos em suas emissões nas próximas duas décadas. Os países emergentes alegam que não seria justo a imposição de amplas limitações, já que afetariam sua capacidade de crescer. Além disso, estariam pagando por uma poluição que foram os países ricos que geraram nas últimas décadas.
Mas para a chanceler alemã, Angela Merkel, sem a limitação das emissões dos países emergentes, os níveis de concentração de CO2 na atmosfera continuarão aumentando e nenhuma ação dos países ricos será suficiente para conter essa elevação.
Outra esperança é de que o governo americano, com o presidente eleito Barak Obama, apresente uma posição mais favorável a lutar contra as mudanças climáticas e as emissões de CO2. O governo de George W. Bush simplesmente não referendou o Protocolo de Kyoto.
OESP, 26/11/2008, Vida, p. A17
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.