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ONS prevê nível de represas em 15,5%

OESP, Economia, p. B10
01 de Nov de 2014

ONS prevê nível de represas em 15,5%
Número, que seria atingido no final de novembro no Sudeste, é bem inferior ao de 2001, quando houve o racionamento de energia

André Magnabosco - O Estado de S.Paulo

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste caiam para 15,5% no final de novembro. Atualmente, o número está em 18,85%, e já é inferior ao dos níveis apresentados na época do racionamento de energia, em 2001, quando estavam em torno de 23%.
Ao mesmo tempo, o ONS prevê que as chuvas no Sudeste, região responsável por 70% do armazenamento de água nas usinas hidrelétricas, deverão ficar em 74% da média histórica no próximo mês, enquanto o consumo de carga de energia no Brasil deverá subir 2,6% na comparação com um ano antes, segundo o relatório Programa Mensal de Operação (PMO). Novembro é o primeiro mês do que se convencionou chamar de "período úmido", que vai até abril.
De acordo com o relatório divulgado ontem, para o Nordeste, a expectativa do ONS é de que os reservatórios das hidrelétricas da região cheguem ao nível de 11,4% no final do próximo mês e que as chuvas fiquem em 36% da média histórica para o período. Atualmente, o nível das hidrelétricas no Nordeste está em 15,88%.
Na Região Sul, onde o volume de chuvas ultrapassou a média histórica durante o mês de outubro, o ONS prevê que esse volume ficará em 81% da média histórica em novembro. Os reservatórios das hidrelétricas da região devem fechar o próximo mês com 75,3% da capacidade. Atualmente, o nível está em 85,71%.
Já para a Região Norte, a previsão do órgão é que o volume de chuvas fique em 80% da média histórica, e que os reservatórios das hidrelétricas baixem do volume atual de 33,16% para 27,3%.

PLD. O ONS também manteve no limite máximo de R$ 822,83 por megawatt/hora (MWh) o custo da energia no mercado livre - ou preço de liquidação das diferenças (PLD) -, usado pelos consumidores que não têm contratos fixos com as distribuidoras de energia. Esse valor será mantido pelo menos por mais uma semana.
Balizador do PLD, o custo marginal de operação (CMO) voltou a subir, impedindo a queda do indicador que determina o preço da energia nas transações de compra e venda do mercado de curto prazo. Segundo o ONS, o CMO para o período entre 1.o e 7 de novembro ficou em R$ 1.009,82. O valor é 13,4% superior ao anunciado na sexta-feira da semana passada, de R$ 890,12/MWh.
Na semana passada, com o custo marginal de operação acima de R$ 850/MWh, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) já havia anunciado a volta do PLD ao patamar teto de R$ 822,83 o megawatt hora, o que voltou a ocorrer em outubro após mais de quatro meses.

Carga. O Operador Nacional do Sistema Elétrica anunciou ainda a primeira previsão da carga mensal no sistema nacional para o mês de novembro, que deverá ficar em 66.691 MW médios. O número representa uma expansão de 2,6% em relação à carga apurada em novembro do ano passado.
O resultado é puxado pela expansão de 5,2% e 4,9% no consumo previsto para as Regiões Sul e Nordeste, respectivamente. A demanda mensal da Região Sudeste/Centro-Oeste deve crescer 1,8% em igual base de comparação. Na Região Norte, a carga deve encolher 1,2%, de acordo com o ONS. / COM REUTERS

Seca obriga Cemig a desligar hidrelétrica
Com reservatório em nível crítico, Camargos, que opera no sul de Minas Gerais, será paralisada na próxima semana

A seca que tem castigado o sul de Minas Gerais e toda a bacia hidrográfica do Rio Grande, responsável por 25% do abastecimento das Regiões Sudeste e Centro-Oeste, fez sua primeira vítima da geração de energia. Na próxima semana, a estatal mineira Cemig vai paralisar a operação da hidrelétrica Camargos.
A usina, que tem potência de 45 megawatts, está localizada na cabeceira do Rio Grande, que tem mais 12 barragens instaladas em seu curso. A decisão de desligar as turbinas de Camargos deve-se ao nível crítico do reservatório da hidrelétrica, que está com menos de 0,5% de sua capacidade máxima.
Até ontem, a usina ainda mantinha uma de suas duas turbinas ligadas, mas com capacidade para gerar apenas 3 MW. O desligamento da hidrelétrica, situada em Itutinga, foi confirmado ao Estado pela Cemig.
"Há previsão que essa unidade geradora seja desligada na próxima semana, quando a usina atingirá seu mínimo operativo. A partir desse momento, a vazão para jusante (rio abaixo) passará a ser liberada pela válvula de fundo, visando manter a perenização do rio", informou a estatal. "Esse procedimento deve permanecer até que as chuvas proporcionem condição afluente para elevação do nível de água do reservatório."

Abastecimento. O racionamento de água já é realizado há alguns dias em municípios do sul de Minas, afirma Cláudio Heitor Oliveira, presidente do Comitê Hidrográfico do Alto Rio Grande. "Cerca de 100 mil pessoas estão sendo diariamente afetadas pela falta de água, em cidades como Itutinga e Lavras", diz Oliveira.
No centro de Itutinga, município de 5 mil habitantes, a água tem chegado até as torneiras das casas apenas entre 6h e 14h. Nos bairros, só está disponível das 14h às 18h. "Se essa situação não mudar, a prefeitura avalia a possibilidade de decretar situação de emergência na semana que vem", diz Oliveira, que também é secretário de Agricultura de Itutinga.
Questionada sobre o racionamento na região, a Copasa, empresa de saneamento de Minas Gerais, informou que, com as chuvas do último fim de semana, o abastecimento das cidades de Itutinga e Lavras se normalizou. O "sistema de rodízio", segundo a empresa, teria acabado na terça-feira, dia 28. "Atualmente, nenhuma cidade operada pela Copasa pertencente à bacia do Rio Grande, no sul de Minas, passa por racionamento", informou.
A estiagem histórica gera um efeito cascata sobre o Rio Grande, rio que nasce em Bocaina de Minas (MG), e avança sentido leste-oeste, fazendo a divisa de Minas e São Paulo, até desaguar no Rio Paraná. Neste caminho, há mais 12 barragens que também sofrem com a escassez de água. O reservatório de Furnas, por exemplo, que está entre os maiores do País, está atualmente com apenas 13% de sua capacidade de armazenamento.

Ilha Solteira. Em São Paulo, no Rio Paraná, é a usina de Ilha Solteira que sofre com a falta de água. A hidrelétrica de 3.444 MW, operada pela Cesp, está há semanas com o seu volume operacional útil abaixo de zero. Há exatamente um ano, seu reservatório estava com 59% de sua capacidade.
Hoje, o nível está 3,18 metros abaixo do chamado útil operacional de 323 metros estabelecido pelo ONS. "A operação abaixo do nível 323 metros, volume útil zero, exige o acompanhamento contínuo para verificação de possíveis impactos na estrutura da barragem, nos equipamentos da usina e na utilização múltipla do reservatório", informou a Cesp.
A usina tem gerado, em média, 1.200 MW médios por dia. "Como referência, em setembro, a usina Ilha Solteira gerou 40% abaixo da média histórica dos últimos 10 anos", declarou a companhia, acrescentando que o volume gerado atende, exclusivamente, a determinações técnicas feitas diariamente pelo ONS. Atualmente, das 20 unidades geradoras de Ilha Solteira, 17 estão disponíveis para operação e três em manutenções programadas.

OESP, 01/11/2014, Economia, p. B10

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