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ONGs são acusadasde impedir investimento

A Crítica-Manaus -AM
24 de Mai de 2001

O escritor Lourenço Carrasco, coordenador do livro "A Máfia Verde", acusou as organizações não-governamentais (ONGs) de impedirem investimentos hidrelétricos na Amazônia, que totalizariam 12 mil megawatts.
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga a atuação dessas organizações, Carrasco afirmou que esses investimentos não permitiriam que a crise energética pela qual passa atualmente o Brasil se instalasse.

O senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) afirmou que, com a atual crise de energia, as ONGs conseguiram o que queriam: parar o crescimento do Brasil. Lembrou que as organizações têm feito protestos contra o aproveitamento de hidrovias, contra o asfaltamento de estradas na Amazônia e até mesmo contra a implantação de gasodutos, que alimentariam usinas termelétricas.

Nascido no México há 51 anos e falando português misturado ao espanhol,Lourenço Carrasco afirmou que 85% dos recursos das ONGs em atividade no Brasil vêm do exterior, citando informações de Eduardo Martins,ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com ele, 51% do orçamento do Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal também provêm de doações internacionais, totalizando R$ 520 milhões.

"Não é por acaso que a mesma quantia é destinada, no orçamento do ministério, ao pagamento de serviços de terceiros ou de pessoas jurídicas", garante o escritor.

A relatora da CPI, senadora Marluce Pinto (PMDB-RR), pediu que o depoente encaminhasse a ela um relatório pormenorizado sobre os recursos recebidos pelas ONGs em atuação no Brasil. Também solicitou dados sobre o orçamento do ministério, que Carrasco se comprometeu a fornecer.

Para o escritor, as ONGs são parte de um "esquema sofisticado" comandado pela "aristocracia oligárquica internacional", que tem à frente as famílias reais inglesa e holandesa. Seu principal objetivo, afirmou, é acabar com o princípio de soberania nacional. Segundo ele, norteiam as atuações dessas entidades as ONGs WWF (Fundo Mundial para a Natureza) e Instituto Social Ambiental.

O autor de "A Máfia Verde" lembrou que o presidente de honra do WWF é o príncipe Phillippe, da família real inglesa, enquanto a filial americana é presidida por Roger W. Saint, que preside também a multinacional de energia AES. No Brasil, o presidente é João Roberto Marinho, das Organizações Globo, e integram o conselho diretor os banqueiros David Rockfeller e Joseph Safra, além de Pedro Sirotsky, dono da Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS).

"Para fazer parte do conselho diretor da entidade, é preciso ter um patrimônio maior que US$ 500 milhões. O WWF não trata de preservar o meio ambiente, mas de preservar, isto sim, o poder político", indica.

Ao senador Bernardo Cabral (PFL-AM), Carrasco respondeu que a criação da reserva ianomâmi obedece ao princípio de se impedir qualquer atividade civilizatória. A senadora Marina Silva (PT-AC) indagou sobre os autores dos textos do livro, mas Carrasco preferiu assumir a responsabilidade por todos os escritos, que reconhecera não serem seus. Ao final da reunião, o presidente da comissão, Senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR), informou que o ministro chefe do Gabinete Institucional, general Alberto Cardoso, foi convidado para falar à CPI na próxima quarta-feira.

A assessoria do WWF-Brasil nega todas as acusações feitas por Lourenço Carrasco e informa que já entrou com processo na Justiça por calúnia e difamação. "Ele (Lourenço) já vem fazendo isso - denunciado a ONG - há bastante tempo e o que temos a dizer é que são denúncias infundadas", declarou ontem a A CRÍTICA a assessora de Comunicação do WWF-Brasil, Regina Vasquez.

Em nota divulgada pela Internet, o WWF-Brasil informa que é uma organização não-governamental brasileira, independente, sem fins lucrativos, sediada em Brasília. Sua missão é a conservação do meio ambiente e a promoção do desenvolvimento sustentável. O WWF-Brasil faz parte da rede internacional WWF, com sede na Suíça, que é integrada por organizações independentes de mais de 30 países. Assim como o Brasil faz parte da ONU sem que isso implique em perda de soberania, o fato de o WWF-Brasil pertencer a uma rede internacional não implica em perda de nacionalidade nem de autonomia. Nenhuma outra organização da rede atua no Brasil. Portanto, quando a sigla WWF é usada no País ela se refere sempre à organização brasileira.

Os recursos da instituição são oriundos de doações. As contas são auditadas anualmente pelos auditores independentes da Price Waterhouse Coopers e têm sido aprovadas todos os anos desde 1996, quando foi fundada a organização.

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