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Ongs pedem intervenção na regional do Ibama na Bahia

A Tarde-Salvador-BA
16 de Ago de 2002

Uma rede, integrada por cerca de 200 Organizações Não-Governamentais da Mata Atlântica, enviou carta ao Ministério do Meio Ambiente e à Presidência da República, solicitando a intervenção na Superintendência do Ibama na Bahia, acusada de se omitir e colaborar com a devastação da Mata Atlântica, especialmente no sul do Estado. Na carta, as ONGs também pedem o afastamento dos técnicos do órgão sob suspeita e a realização de uma auditoria independente para apurar as denúncias.
Segundo Rui Rocha, secretário-executivo do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia (Iesb), em Ilhéus, uma das entidades integrantes da rede de ONGs, "o mau
gerenciamento e a falta de recursos no Ibama-Bahia transformou o órgão em um centro de
omissão e corrupção". Rocha afirma que a atividade madeireira funciona ativamente, sem plano de manejo e sem controle na região, especialmente nos municípios de Camacan, Jussari, Arataca, Santa Luzia, Buerarema, Itacaré e Camamu.
Informantes
Rocha diz que técnicos do órgão funcionam como informantes dos madereiros, avisando o dia em que haverá fiscalização, para que os infratores retirem seus equipamentos do local.
Segundo o engenheiro florestal do Iesb, Carlos Alberto Mesquita, nos sete municípios onde a atividade madeireira é mais intensa há 12 serrarias funcionando normalmente, num raio de ação de 50 km ao redor.
Cada serraria consome por ano em torno de cinco mil metros cúbicos de madeira em tora e,
juntas, elas consomem por ano cerca de 17 mil árvores. Mesquita afirmou que esse número é maior, porque não há critério no corte das árvores e cada uma que cai derruba outras duas ou três, podendo chegar a mais de 50 mil árvores derrubadas por ano.
O maior agravante é que os escritórios de Ilhéus e Camamu não dispõem de pessoal nem
veículos para fiscalizar. Além disso, os escritórios estão entregando guias aos madeireiros,
sem fiscalizar as áreas e o transporte da madeira. No município de Pau Brasil, os fazendeiros cometem crime ambiental duplo, pois estão devastando a Mata Atlântica, em área que ainda estão disputando judicialmente com os índios pataxós hã, hã, hãe.
Em Santa Luzia, denuncia Rui Rocha, uma das serrarias pertenceria a um cunhado do senador Paulo Souto, que por isso funciona sem empecilhos, porque os fiscais teriam receio de autuá-lo e serem punidos. Em Itacaré, a ousadia dos devastadores é tanta que eles chegam a fazer enormes clareiras na mata do Parque Estadual da Serra do Conduru, que fica ao lado da APA Itacaré-Serra Grande.
No município de Una, as serrarias não funcionam, porque já não se encontram grandes matas, mas a atividade madeireira continua intensa, de forma disfarçada, dentro das fazendas. Com o apoio dos fazendeiros, os madeireiros derrubam as árvores e os caminhões entram na mata e saem com a madeira já transformada em pranchões, camuflada como carga de coco ou de banana.
Segundo o engenheiro florestal, as serrarias não estão proibidas de funcionar, desde que
obedeçam a critérios estabelecidos há dois anos, por uma Resolução do Conselho Nacional do

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