ONG projeta futuro sem combustíveis fósseis

ONG projeta futuro sem combustíveis fósseis

Daniela Chiaretti

O novo cenário energético do Greenpeace projeta, pela primeira vez, o mundo ser 100% abastecido com energia renovável.
A versão do relatório "Energy [R] evolution", lançada hoje pela ONG em Berlim, estima um salto da participação da eletricidade na matriz energética global - e quase 2/3 do fornecimento da eletricidade no mundo viria de fontes renováveis.
No relatório de mais de 300 páginas a que o Valor teve acesso, a ONG estima que a fatia da eletricidade na matriz energética global triplicaria, de hoje a 2030. Seria um salto dos atuais 21% para 64% em 15 anos. A demanda maior seria puxada por usos não tradicionais, como veículos e ferrovias elétricos ou movidos a hidrogênio.
Segundo o Greenpeace, seriam necessários investimentos de US$ 64,6 trilhões até 2050, ou US$ 1,6 trilhão ao ano, em fontes de energia renovável. Essa nova demanda por eletricidade seria atendida por: usinas eólicas (32%), solares fotovoltaicas (20%), solares concentradas (21%), hidrogênio (5%), hidrelétricas (7%), biomassa, energia oceânica e geotérmica. No modelo não há usinas nucleares nem movidas a combustíveis fósseis.
Ricardo Baitelo, coordenador de clima e energia do Greenpeace Brasil, lembra que, enquanto o cenário da Agência Internacional de Energia (AIE) prevê um aumento nas emissões de gases-estufa de 56% entre 2012 e 2050, o cenário do Greenpeace descarboniza a economia até 2050. "O impulso se dá a partir das renováveis combinadas com eficiência energética", explica.
Em empregos também há ganhos, estimam os ambientalistas. A indústria solar fotovoltaica pode empregar 9,7 milhões de pessoas em 2030, mais de 10 vezes do que emprega hoje. A indústria solar, sozinha, empregaria no futuro tanto quanto a de carvão emprega hoje, diz o relatório.

Valor Econômico, 21/09/2015, Internacional, p. A10

http://www.valor.com.br/internacional/4232740/ong-projeta-futuro-sem-co…