Isto É, p. 99
02 de Ago de 2006
Onde está o zumbido?
Cientistas constatam que variedade de abelhas silvestres está diminuindo
Michaek D. Lemonick
As abelhas talvez sejam a praga mais detestada pelas pessoas que fazem piqueniques no verão, mas formam parte essencial em muitos ecossistemas - e seu papel na polinização de safras agrícolas as torna igualmente importantes para a economia. É por isso que os cientistas estão alarmados com um estudo publicado recentemente pela revista científica Science, segundo o qual a diversidade de espécies de abelhas selvagens despencou no Reino Unido e na Holanda - acompanhando a redução na diversidade das flores silvestres que as abelhas preferem. Os pesquisadores europeus que conduziram o estudo enfatizaram que o número de abelhas não diminuiu (algumas espécies continuam a prosperar), mas há menos variedade, e essa é uma má notícia. Um ecossistema com menos espécies é como uma equipe de beisebol que só disponha de dois bons arremessadores: não há muitas opções no banco de reserva caso um dos dois se machuque. 0 estudo aponta um pequeno ponto positivo, ao menos: maior parte das espécies que estão desaparecendo é formada por abelhas extremamente seletivas, que polinizam apenas algumas plantas. As sobreviventes tendem a ser as abelhas generalistas, mais versáteis, que polinizam maior variedade de vegetais.
Ninguém está afirmando com segurança que a queda simultânea constatada na diversidade de flores silvestres seja causa - ou efeito - do declínio na variedade de abelhas. Mas os cientistas acreditam que o fenômeno em geral possa ser vinculado a uma perda de habitat tanto no caso das plantas quanto no caso das abelhas, à medida que as regiões rurais são convertidas para uso imobiliário - o que aumenta ainda mais o preço que a natureza vem pagando pela civilização humana.
Tradução. Paulo Migliacci
Isto É, 02/08/2006, p. 99
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