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02 de Jul de 2012
Nesta sexta-feira, 30, o Naturatins - Instituto Natureza do Tocantins deu início à Oficina Aberta sobre Ecoturismo. A atividade acontece no Parque Estadual do Cantão - PEC, no município de Caseara, e é fruto da parceria com o Instituto Araguaia de Proteção Ambiental e a ONG Onça-D'água de Apoio a Gestão e ao Manejo das Unidades de Conservação do Estado do Tocantins.
Na abertura da oficina, Silvana Campelo, presidente do Instituto Araguaia, apresentou os quatro convidados das diversas áreas ligadas ao Ecoturismo e pesquisa Ambiental. Dentre os especialistas estão o biólogo do Grupo de Turismo de Base Comunitária do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM), Rodrigo Osório; do representante da Sociedade de Zoologia de Frankfurt, dr. Robert Williams; da professora da Universidade da Califórnia em Los Angeles - USA e da Universidade New Mexico - USA, drª. Melissa Savage; a representante do Comitê de Sobrevivência das Espécies (Species Survival Comission) da IUCM - União Mundial de Conservação, drª. Nicole Duplaix, entre outros profissionais da área de biologia e ecoturismo do Estado do Tocantins.
O objetivo desta oficina é promover o planejamento para o desenvolvimento do ecoturismo e os benefícios que esse modelo trará para as comunidades do entorno das Unidades de Conservação - UC's, aumentando assim a expectativa de um ecoturismo bem sucedido a médio e longo prazo.
Pela manhã os presentes participaram da palestra da doutora Duplaix sobre os estudos internacionais e nacionais feitos há 40 anos sobre a ariranha ou onça-d'água (espécie (Pteronura Brasiliensis) e sua luta na conservação da mesma. Ela falou sobre a condição atual da ariranha na lista de animais em risco. No Livro Vermelho sobre as espécies ameaçadas a extinção, as ariranhas passaram a ser consideradas "vulneráveis", o que determina que elas já não estão mais em risco, mas que mesmo assim não podem ser descuidadas pelos pesquisadores e, com isso, saíram da categoria em risco de extinção eminente.
Presente no evento, o vice-presidente do Naturatins, Rômulo Mascarenhas, agradeceu a presença de todos e falou da importância desta oficina para o desenvolvimento do ecoturismo no entorno das UC's e o impacto socioeconômico que isso causa quando feito de forma consciente e responsável. Rômulo ainda resaltou os animais que se destacam no Parque Estadual do Cantão, tais como a onça-pintada, harpia, capivara, veado e o gigante dos rios, o pirarucu (Arapaima gigas).
Para que os convidados conhecessem um pouco do parque e dos trabalhos desenvolvidos, o gerente da Unidade de Conservação, Marcos Leão, fez uma breve explanação sobre a UC, desde a estrutura física, o plano de manejo, o quadro de pessoal e os equipamentos que auxiliam nos trabalhos de conservação, preservação e fiscalização do PEC ao longo destes 14 anos de criação.
Parceiro na preservação da biodiversidade local, o pesquisador e diretor do Instituto Araguaia, George Georgiadis, também relatou o trabalho realizado pelo Instituto e as condições do Cantão desde o ano de sua implantação até o presente momento. George também expôs os estudos e pesquisas feitas com as ariranhas desde sua chegada ao Cantão e o aumento significativo da população dessa espécie. Durante sua apresentação, o técnico ainda relatou os outros estudos que vem sendo feito de diferentes espécies que também são significativas para a biodiversidade do PEC e do entorno.
À tarde, a oportunidade foi dada ao também parceiro, a ONG Onça-D'água, representada pela bióloga Angélica Beatriz Correa Gonçalvez, que relatou o Plano de Manejo e Zoneamento do PEC que atualmente está sendo revisto para atualizações.
Durante os trabalhos, o pesquisador George Georgialis explanou sobre o projeto TFCA, que servirá para o treinamento dos condutores, barqueiros e demais setores ligados ao turismo na região do Cantão. A intenção é que se inicie o processo de transição do turismo feito atualmente sem consciência, preservação e educação ambiental para o modelo ideal de ecoturismo que o parque e seu entorno necessitam, devido ao apelo internacional que as áreas de preservação recebem para adequar suas atividades turísticas dentro de seus limites. Com isso, abriu-se um debate entre os participantes sobre como deverá ser feito, se de forma progressiva ou de forma pontuada e escalonada, setor por setor ligado à atividade turística.
Em parceria com a ecóloga Silvana Campelo, George apresentou o Diagnóstico do Turismo no PEC e encerrou a primeira tarde de atividades do encontro com a palestra denominada "Ecoturismo no PEC - Uma visão de futuro", demonstrando quais são os prognósticos para a exploração futura do ecoturismo no Parque do Cantão em longo prazo, de forma sustentável e com o mínimo de danos possíveis ao meio ambiente. Silvana ainda delineou como serão as estruturas adequadas ao suporte dos turistas, tais como vídeos explicativos e institucionais, jogos e atividades lúdicas para crianças, adolescentes e famílias para a educação e conscientização ambiental, a estrutura do centro de visitantes, as trilhas, e as atividades ao ar livre no interior do parque.
Ainda em sua palestra, Campelo ofereceu aos participantes uma comparação entre os turistas tradicionais e os ecoturistas, e quais os pontos primordiais para atrair cada tipo de visitante, como por exemplo, os valores gastos por um ecoturista, que chegam a ser cinco vezes maior por dia do que um turista normal. Outro fator ressaltado é a qualidade do serviço, e não o menor preço. Segundo a ecológa, o ecoturista tem suas prioridades pré-definidas de horários, clima e ambiente para ver exclusivamente a fauna e a flora, já que este é o principal atrativo que o faz visitar determinado local.
"Tudo isso pode ser altamente rentável de forma ecológica e sustentável, e quando isso ocorre, os comerciantes e prestadores de serviços ligados ao turismo tradicional acabam percebendo que o ecoturismo é mais viável econômica e socialmente do que o trabalho que eles vêm desenvolvendo ao longo de todos esses anos", defendeu Campelo.
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