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Oficina do MS discute atendimento voltado para as mulheres indígenas

O Rio Branco-Rio Branco-AC
Autor: Ana Sales
26 de Set de 2003

Uma oficina ministrada por médicas do Ministério da Saúde discutiu, durante dias 23 a 25, os principais problemas e soluções das questões relacionadas à saúde da mulher indígena. O evento encerrou-se ontem no auditório da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e apontou que a precária assistência à gestante índia, ao parto e ao período de puerpério (pós-parto) é o principal problema nas aldeias, que debilitam a saúde da mulher.

As precárias ações de prevenção do câncer do colo uterino, das doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a Aids, também agravam a saúde das índias. O alcoolismo, falta de capacitação dos profissionais de saúde para atuarem em comunidades indígenas e a substituição dos medicamentos fabricados com as plantas da floresta pelos fabricados em laboratórios são questões que também foram levantados durante a oficina como problemas que prejudicam a saúde da mulher representante da etnia indígena.

A médica Isa Paula Abreu, técnica da área de saúde da mulher do Ministério da Saúde, uma das instrutoras da oficina, informou que, através de uma metodologia participativa, os integrantes da oficina sugerem as intervenções públicas que devem ser feitas para solucionar os problemas. "As mulheres querem a implantação da assistência pré-natal nas aldeias e capacitação das parteiras". Isa Abreu afirma que é preciso garantir o atendimento em hospitais ou maternidades para as mulheres indígenas cuja gestação ou parto sejam identificados como de alto risco.

Oficina foi reivindicação das lideranças indígenas

O presidente do Conselho do Distrito do Alto Purus, da União Nacional dos Índios (UNI), José Correia da Silva, da nação Jaminawa, informou que há muito tempo as lideranças indígenas têm preocupação com a saúde da mulher. "Por conta dos casos de câncer, doenças sexualmente transmissíveis, que vêm afetando mulheres com menos de 40 anos, a Uni solicitou esta oficina".

A primeira do gênero realizada no País, a oficina busca humanizar o atendimento à saúde nas aldeias. "Tem nação que a mulher ganha bebê num dia e, no outro, já tem que ir trabalhar, para não ser chamada de preguiçosa". Dentro da aldeia, segundo José Correia, elas escondem a doença, por vergonha de mostrar as partes íntimas para os agentes de saúde.

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