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Ocupação acaba em clima de paz,hoje

O Liberal-Belém-PA
10 de Mai de 2001

Os 111 índios representantes dos povos Tembé e Kaapor que invadiram a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Belém não sairão do prédio até que seja firmado o acordo contemplando as reivindicações apresentadas. Ontem, um esboço desse acordo foi desenhado na reunião entre os índios e dirigentes da Funai, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e indigenistas.A principal proposta é a criação de uma associação para gerir a política de saúde para os tembés e kaapors. Essa entidade seria administrada interinamente por uma organização não-governamental, de acordo com a sugestão de um dos representantes da Funasa, Emanuel Patrício.Embora tenha terminado em clima cordial, ainda que a ocupação do prédio continue, a reunião foi antecedida por momentos tensos. Os índios reclamavam da ausência dos técnicos da Funasa, liberados no dia anterior para voltarem ontem, às 9 horas, para participar dessa negociação com propostas concretas de acordo.Como, até as 10 horas, os técnicos não haviam retornado à Funai, os índios ficaram aborrecidos.Outro ponto discutido na reunião foi a Casa do Índio, que segundo reclamações das lideranças indígenas, principalmente Sergio Tembé, não está cumprindo adequadamente suas funções. A alternativa apresentada pela Funasa foi a de alugar uma casa grande com melhores acomodações, segundo Emanuel Patrício. Para Tembé, no entanto, bastava que o atendimento melhorasse.Na verdade, os índios decidiram que não querem mais o convênio com a prefeitura de Paragominas, afirmou o procurador da República Felício Pontes. A Funasa aceitou e o que se quer agora é encontrar uma solução alternativa para o problema.Sergio Tembé disse que o tratamento aos índios em Paragominas era o pior possível. Segundo ele, foi um ano de reclamação de atendimento indevido. O que nós queremos agora é um tratamento melhor, com pessoas que respeitem os índios, disse. É preciso que haja confiança nessa relação, afirmou o indigenista Francisco Potiguara.De tarde uma comissão formada por lideranças indígenas e por técnicos da Funai e Funasa foi até o Ministério Público Federal para homologar uma pauta de reivindicações feita pelos índios.A ocupação da sede da Funai em Belém modificou os hábitos de moradores das redondezas da sede. Desde as primeiras horas do dia, muitos aglomeravam-se em frente aos portões da Funai para observar o cotidiano dos 111 índios, entre mulheres, homens e crianças que participavam da ocupação. Comentários sobre as pinturas e sobre os seios desnudos das índias eram os mais frequentes entre os homens. Já entre algumas estudantes que passaram a manhã no local o que se queria eram pulseiras e cordões feitos pelos índios.

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