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Obras são suspensas no Parque da Água Branca

OESP, Metrópole, p. C4
15 de Set de 2010

Obras são suspensas no Parque da Água Branca
Administração acatou pedido do Ministério Público, que vistoriou ontem o local e constatou falta de autorização para desmatamento de área

Luiz Guilherme Gerbelli

A administração do Parque da Água Branca, na zona oeste, suspendeu parte das obras de revitalização do local, após vistoria do Ministério Público. Na visita, o promotor Washington Luís de Assis constatou irregularidades na obra dos tanques do lago e a demolição de um prédio anexo à mina de água.
Briga. Para visitantes, intervenções estão acabando com a área verde; administração nega e diz querer revitalizar o local
Segundo o promotor, as obras estão sendo realizadas em uma área de preservação permanente e não tiveram a autorização dos órgãos competentes da Prefeitura. Após a vistoria, Assis pediu a suspensão dos trabalhos.
No fim da tarde, a direção do parque, que nega as irregularidades, acatou a solicitação e disse que vai adaptar-se às exigências do Ministério Público. "Vamos buscar a autorização necessária", garantiu o administrador, José Antônio Teixeira. De acordo com o promotor, o Ministério Público pode recorrer à Justiça se a necessidade de autorização ambiental for ignorada pela administração local.
Reclamações. Em média, cerca de 7 mil pessoas passam pelo local diariamente. O MP decidiu vistoriar a obra depois de receber documento com assinaturas de 1,7 mil frequentadores do parque. "É a primeira vez que a comunidade se manifesta. Estou aqui há dez anos. Isso nunca aconteceu", disse Teixeira.
A advogada Cláudia Lukianchuki de Lacerda, que faz parte do grupo de frequentadores que fez a reclamação à Promotoria, acompanhou a vistoria. "Vamos continuar a movimentação. Não abrimos mão de participar das decisões."
Discórdia. Um dos principais pontos de discórdia entre os frequentadores e a administração do parque é a construção de um caminho batizado como Trilha do Pau-Brasil. Os visitantes dizem que a obra desmatou a área, anteriormente fechada para o público, para a construção do caminho.
Além disso, o parque tem duas nascentes de água. Uma ainda está ativa, enquanto a outra está praticamente seca, por causa da estiagem enfrentada atualmente pela capital paulista. "O mais importante para manter uma nascente é que haja grande quantidade de mata original no entorno dela", afirmou o professor Manuel Enrique Guandiquede, professor de Engenharia Ambiental da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
A reforma e a revitalização estão sendo realizadas pela Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento e pelo Fundo de Solidariedade Social, coordenado pela primeira-dama do Estado, Deuzeni Goldman, cuja sede fica no parque. Ela afirma que o parque não sofre nenhum processo de desmatamento.
Árvores. Segundo Deuzeni, durante o estudo para revitalização, idealizado por ela, técnicos identificaram 35 árvores que já haviam encerrado o ciclo de vida. "Essas árvores estão próximas de cair. Mas só adotaremos alguma medida se houver autorização", afirmou.
Se houver necessidade de remover as 35 árvores, a administração do parque se comprometeu a replantar o dobro de mudas.

Cronologia
Projeto é de primeira-dama
7 de abril
Nova direção
Deuzeni Goldman assume a função de primeira-dama do Estado e inicia um plano de revitalização do parque.
17 de junho
Reforma
É inaugurada a primeira obra da reforma, o Espaço Cultural Tattersal, um antigo galpão que virou um pequeno teatro. Dias depois, o parque ganha espaços de leitura.
2 de agosto
Caso de polícia
Após queixas de vizinhos, a Promotoria envia uma equipe da Polícia Ambiental para verificar o corte de árvores.
8 de setembro
Pedido de suspensão
Associação de Ambientalistas e Amigos do Parque da Água Branca começa a recolher assinaturas pedindo a suspensão das obras.

OESP, 15/09/2010, Metrópole, p. C4

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100915/not_imp609968,0.php

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