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Obras no parque da Água Branca abrem polêmica com usuários

FSP, Cotidiano, p. C4
13 de Set de 2010

Obras no parque da Água Branca abrem polêmica com usuários
Reforma inclui abertura de trilha em mata fechada e construção de ponte e deque em bosque
Frequentadores do parque, que fica na zona oeste de SP, se reúnem hoje com a Promotoria; Estado nega problemas

Letícia de Castro
De São Paulo

Um dos últimos redutos bucólicos de São Paulo, habitado por animais como saguis, pavões, gansos e galos, o parque da Água Branca, na zona oeste, viu a sua paisagem rural ser invadida por retroescavadeiras e tapumes.
Desde abril, o parque -que é tombado pelo Condephaat (órgão estadual responsável pelo patrimônio histórico)- passa por uma ampla reforma, que vem sendo questionada por frequentadores que, preocupados com os impactos ambientais das intervenções, se uniram para tentar barrar a obra.
Hoje, eles se reúnem com o promotor Washington Luis de Assis, da Promotoria do Meio Ambiente, para discutir a petição protocolada no último dia 3 e apresentar um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas que pede a suspensão da reforma.
"Não somos contra as obras necessárias, mas queremos discutir o que está sendo feito e a maneira", diz a advogada Claudia Lukiancuki de Lacerda.
Os pontos centrais da reforma que os usuários questionam são a abertura de uma trilha, onde antes havia uma mata fechada, a construção de uma ponte e de um deque no bosque das palmeiras, a extensão do funcionamento do parque até as 22h, a instalação de uma praça de alimentação e a cobrança de estacionamento -apenas outros três parques estaduais da cidade têm essa cobrança.
"São intervenções que podem trazer consequências para a fauna e a flora locais, mas não foi feito um estudo de impacto ambiental", diz a assistente social Cândida Meirelles, coordenadora de projetos ambientais da Assamapab (Associação de Ambientalistas e Amigos do Parque da Água Branca).
Ela afirma que o projeto de reforma não foi discutido com usuários.
"Soube com a obra em andamento, quando vi a movimentação."
Na sexta-feira, o grupo teve acesso aos trechos do projeto que trazem o carimbo de autorização do Condephaat. Mas ainda esperam o detalhamento das ações, o plano de manejo e os estudos de impacto ambiental.

MUDANÇAS
Frequentador do parque, o ambientalista Ricardo Cardim, mestrando do Departamento de Botânica da USP, criticou a abertura da Trilha Pau-Brasil.
"Para fazer um bosque, removeram muita vegetação. Com isso, o clima local ficou mais seco", afirma.
A urbanista Catharina Santos Lima, professora do Departamento de Paisagem e Ambiente da FAU-USP, defende que qualquer tipo de intervenção seja discutida com os usuários.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1309201013.htm

Responsável nega prejuízos a fauna e flora

De São Paulo

Orçada em R$ 8 milhões, a reforma do parque da Água Branca está sendo bancada pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, que administra o espaço.
Segundo o administrador, José Antonio Teixeira, o projeto foi elaborado pela equipe de agrônomos e biólogos do parque e não teve estudo de impacto ambiental. "São obras pequenas, que não afetam a fauna e a flora locais, por isso dispensam esse tipo de estudo", disse.
Ele rebateu os pontos que estão sendo criticados pelos usuários. Defende que o corte de vegetação onde hoje está a Trilha Pau-Brasil foi necessário para "limpar" o espaço.
"O parque ficou seis anos sem jardineiro, e o mato cresceu. Hoje, temos uma trilha educativa no lugar do matagal", diz.
A construção do deque e da passarela no bosque das palmeiras, segundo ele, tem o objetivo de valorizar e proteger a área das nascentes.
"A extensão do horário de funcionamento é uma reivindicação antiga dos próprios usuários", diz.
Sobre a alegação de que os frequentadores não foram consultados, Teixeira diz que os planos de intervenção foram apresentados na sede do parque.
Articuladora da reforma desde que assumiu o Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, cuja sede fica no parque da Água Branca, a primeira-dama do Estado, Deuzeni Goldman, afirma que ouviu "muitos elogios" sobre as obras.
"O grupo que questiona é uma pequena parcela."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1309201014.htm

FSP, 13/09/2010, Cotidiano, p. C4

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