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Obra faz balanço de jornadas à Amazônia no século 20

FSP, Ciência, p. C11
03 de Jan de 2012

Obra faz balanço de jornadas à Amazônia no século 20
Livro de João Meirelles Filho aborda expedições famosas e obscuras e seu impacto no conhecimento da região

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

João Meirelles Filho, ambientalista paulista radicado em Belém, já tinha feito um trabalho impressionante em um livro de 2009, "Grandes Expedições à Amazônia Brasileira - 1500-1930".
Na obra, ele registrara viagens de gente muito variada à região. Eram navegadores e militares, jesuítas e pastores protestantes, artistas e naturalistas, vindos de várias partes do mundo. Uma lista que ele chamou de "breve" compilou então nada menos que 567 viagens à Amazônia.
O trabalho hercúleo continua agora com um novo livro retratando mais viagens no século 20 (a lista "breve" passou a cerca de 700 viagens).
Os 21 capítulos do livro incluem pessoas famosas (o cientista Oswaldo Cruz, o sociólogo Claude Lévi-Strauss, os indigenistas Orlando e Cláudio Villas Bôas, o paisagista Roberto Burle-Marx), mas mostrando suas viagens não tão conhecidas.
LADO B
Outros nomes provavelmente só são conhecidos dos especialistas, e é bom que Meirelles tenha resgatado suas histórias. É o caso, por exemplo, do almirante Brás de Aguiar, "demarcador de fronteiras da Amazônia", ou Silvino Santos, "o primeiro cineasta da Amazônia".
Assim como no livro anterior, o autor mostra o contexto de cada viagem de exploração, descreve o líder e seus principais colaboradores, indica o percurso e dá sua opinião sobre as contribuições da viagem ou viagens.
Alguns personagens são extremamente simpáticos. É o caso da velha senhora britânica Margaret Mee, que viajou anos pela região realizando desenhos e aquarelas da sua flora. O trabalho da desenhista botânica foi resumido pelo cientista Ghillean Prance, citado por Meirelles: "Muitas pessoas viajaram pelas águas, muitas pessoas pintaram plantas da Amazônia, mas Margaret Mee supera-os todos, viajantes e artistas, simplesmente porque ela, com suas aquarelas, foi, viu e conquistou a região".
Na sua introdução, Meirelles afirma que o Brasil ainda não consegue "pensar" a Amazônia na sua plenitude: "Ainda se pensa a Amazônia da mesma maneira que Portugal o fazia: como outra colônia, agora não mais lusitana, mas do Brasil".
"O Pensamento Brasil entende a Amazônia como uma reserva de espaço físico. O Pensamento Amazônico exige moratória, reflexão, para reconhecer o que as diferentes vozes locais têm a dizer."
Para ele, a maior parte das expedições teve caráter utilitarista, pois muitas tinham como objetivo reconhecer as riquezas naturais para tirar proveito delas.
Alguns viajantes foram em busca de plantas, outros foram estudar índios, insetos, peixes ou macacos. Outros foram filmar, fotografar do ar, fazer documentários, como o francês Jacques Cousteau. O que todos teriam em comum? Segundo Meirelles, o desejo de "colocar a Amazônia no mapa, ou seja, demonstrar que ali não é uma terra incógnita".
"Grandes Expedições à Amazônia Brasileira - Século 20"

AUTOR João Meirelles Filho
EDITORA Metalivros
QUANTO R$ 140

FSP, 03/01/2012, Ciência, p. C11

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/17986-obra-faz-balanco-de-jorn…

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