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Obra de Jirau não tem data para ser retomada

OESP, Economia, p. B10
05 de Abr de 2012

Obra de Jirau não tem data para ser retomada
Camargo Corrêa teve de hospedar parte dos trabalhadores em hotéis e despachar outros para casa após o incêndio que destruiu alojamentos

NILTON SALINA, ESPECIAL PARA O ESTADO , PORTO VELHO

Os trabalhadores que constroem a usina de Jirau, em Porto Velho permaneceram parados ontem, enquanto a construtora Camargo Corrêa tentava resolver onde alojá-los, após as depredações ocorridas na véspera. Parte dos trabalhadores foi encaminhada para hotéis e outros foram enviados de volta às suas cidades de origem.
Cerca de 3,2 mil funcionários ficaram desabrigados após o incêndio criminoso ocorrido durante os tumultos na madrugada de terça-feira. Pelo menos 750 operários pediram demissão.
A Camargo Corrêa, contratada pelo Consórcio Jirau para a construção da usina, divulgou nota informando que criou um serviço de informações pelo telefone gratuito 0800-7010170, para prestar esclarecimentos aos trabalhadores e a seus familiares. Muitos parentes de funcionários pedem informações, principalmente devido à divulgação da morte de um trabalhador no canteiro de obras.
Até a tarde de ontem não havia sido divulgado o laudo médico apontando a causa da morte, mas a Secretaria de Estado de Segurança, Defesa e Cidadania descartou sua relação com os atos de vandalismo no canteiro de obras. Ele teria sofrido um ataque cardíaco. O incêndio foi provocado por um grupo de vândalos que ateou fogo inicialmente na mata e depois em 36 dos 57 alojamentos localizados à margem direita do rio Madeira.
A Camargo Corrêa providenciou o translado do corpo para Manaus (AM), designou uma visitadora social para atender a família e também se responsabilizou pelo sepultamento. A empresa encaminhou para suas casas 600 funcionários que estavam nos alojamentos queimados e residem em cidades próximas a Porto Velho. Outros 400 aceitaram voltar ao canteiro de obras para ficar em alojamentos localizados à margem esquerda do rio.
A previsão da empresa era a de que até o início da noite de ontem os demais estivessem acomodados em hotéis ou tivessem embarcado para as cidades onde residem, para que não precisassem ficar mais uma noite no ginásio do Sesi, para onde foram levados na manhã de terça-feira.
Funcionários explicaram que o fogo teria sido ateado por um grupo que ficou descontente com o resultado da assembleia geral realizada na manhã da segunda-feira, onde foi decidido que a categoria voltaria ao trabalho após 23 dias de greve. A alegação é a de que diretores do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Rondônia (Sticcero) teriam dito que a greve havia acabado sem esperar que todos se manifestassem na assembleia.
Onze pessoas foram presas, acusadas de participar do incêndio. Mais 120 homens da Força Nacional de Segurança devem chegar a Porto Velho na madrugada de hoje para se juntar aos 103 que já estão na cidade. Esse grupo será responsável para manter a ordem nos canteiros de obras das usinas de Santo Antônio e Jirau, construídas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento.
Não há previsão de quando a as obras serão retomadas em Jirau. A greve iniciada dia 9 havia terminado na segunda-feira, depois de várias rodadas de negociações intermediadas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A greve foi julgada ilegal e abusiva e houve várias determinações para que os funcionários voltassem a trabalhar.

'Foi ação de bandidos', diz Gilberto Carvalho

RAFAEL MORAES MOURA , BRASÍLIA

Um dos interlocutores mais próximos da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, condenou ontem o incêndio criminoso ocorrido na madrugada de terça-feira no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau (RO), que destruiu 36 dos 57 alojamentos dos operários. Para ele, foram atos de vandalismo e banditismo. Onze pessoas foram presas no episódio.
"Não consideramos essa ação que houve lá como uma ação sindical ou uma ação de mobilização, mas um vandalismo, banditismo, e como tal será tratado", afirmou Carvalho. "Isso não é ação de trabalhador, isso não é ação sindical. Tem de ser tratado em outros termos, de questão judiciária e policial", reforçou. Em março de 2011, o canteiro de Jirau já tinha sofrido com depredação de ônibus e alojamentos.
O governo pretende entender melhor os motivos da ação, disse o ministro. "Queremos identificar de onde surgiram esses movimentos. Na vez anterior, tudo estava misturado e combinado com problemas de condições de trabalho. Desta vez não. Desta vez os trabalhadores, por imensa maioria, resolveram voltar ao trabalho e aí nós não podemos tolerar esse ato de desordem que ofende os trabalhadores."
Carvalho comentou que os problemas nas obras voltaram depois que havia sido encontrada uma solução para o impasse.
"Depois de um período tenso houve de fato assembleias finais, tanto em Santo Antônio quanto em Jirau, e os trabalhadores das duas usinas, por grande maioria, decidiram voltar ao trabalho. Quando a gente pensava que as coisas estavam resolvidas, houve esse ato de vandalismo, infelizmente, lá em Jirau. Diante do desrespeito que significou à decisão da maioria dos trabalhadores, nós resolvemos agir com muita radicalidade. Reforçamos a Força Nacional e queremos assegurar democraticamente o direito dos trabalhadores que decidiram por maioria voltar ao trabalho."

OESP, 05/04/2012, Economia, p. B10

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