O Globo, Pais, p.10
20 de Jan de 2005
OAB vai à Justiça contra obra no São Francisco
Seção da Ordem em Sergipe quer impedir início dos trabalhos de transposição das águas
Bernardo de la Pena
Dois dias depois de o Conselho Nacional de Recursos Hídricos aprovar o projeto de transposição das águas do rio São Francisco para o semi-árido árido nordestino, movimentos contrários à proposta começam a se mobilizar para construir barreiras políticas e judiciais à obra. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Sergipe vai entrar na Justiça Federal com ação civil pública contra a transposição, para tentar impedir a realização da audiência pública em Aracaju, no dia 31, que permitirá o início das obras.
Representantes da Frente Nacional em Defesa do Rio São Francisco e Contra a Transposição se reuniram ontem na sede da OAB-SE, na capital sergipana, para traçar estratégias de mobilização. A idéia é entrar na Justiça também com dezenas de ações populares na tentativa de interromper as obras.
- Estamos unidos em defesa do São Francisco. Não há como fazer a transposição sem ter antes um projeto de revitalização. A obra seria o golpe de morte no rio. Milhares de famílias que sobrevivem dele podem passar a viver na miséria e 75% da água consumida em Aracaju vêm do rio - afirmou o presidente da OAB-SE, Henri Clay Andrade.
Bahia e Pernambuco também são contra o projeto
Em defesa do projeto, o governo argumenta que o São Francisco tem 70% da disponibilidade de água do semi-árido, sendo que na bacia do rio vivem apenas 30% da população da região. A Bahia e Pernambuco também são contra o projeto. Os gastos com a obra, orçada em R$ 4,5 bilhões, representam, segundo o Ministério da Integração Nacional; responsável pelo projeto, o equivalente ao empregado pelo governo para ajudar vítimas da seca, em dois anos.
O Globo, 20/01/2005, p. 10
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