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O temor de novo despejo

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: DARCI DEBONA
18 de Jun de 2002

Possibilidade de ampliação de área indígena deixa produtores apreensivos

A possibilidade de ampliação da área indígena do Toldo Pinhal, de 893 para 4 mil hectares, colocou em alvoroço sete comunidades de Seara e Arvoredo.

A ampliação das terras indígenas iria atingir cerca de 200 famílias das comunidades de Nova Brasília, Gramado, Rosário, Pinhal e Esperança, Chapada e Nossa Senhrora da Saúde. Os agricultores estão formando uma comissão para buscar apoio dos Sindicatos Rurais e Federação da Agricultura, visando apoio para impedir novas desapropriações.

O agricultor Ivo Ferenz, da comunidade de Chapada, disse que vai brigar para continuar na terra onde mora. Ele foi remanejado uma vez do Toldo Pinhal, em 1997. Na oportunidade recebeu R$ 25 mil pelas benfeitorias, o que serviu apenas de entrada nos 15 hectares onde mora atualmente.

O restante dos R$ 70 mil fez em prestações mensais de 500 sacas de milho (R$ 6 mil), das quais ainda faltam pagar três.

Ferenz disse que se for desapropriado novamente não vai nem receber por uma terra que está devendo. De sua terra o agricultor tira o sustento para ele, a mulher Sabrina e os filhos Suzana (15 anos) e Marcos (10 anos). Eles produzem anualmente 800 sacas de milho, 1,5 mil suínos e 18 mil litros de leite. Ferenz disse que já perdeu três anos de trabalho na primeira mudança e não tem mais idade para mudar novamente.

O comerciante Everaldo Zanluchi, da linha Gramado, também está preocupado. De 40 a 50 pessoas freqüentam o mercado dele por dia. Em caso de desapropriação, vai perder seu negócio e seus pais também correm o risco de perder a terra.

Já os Kaingang de Toldo Pinhal querem a demarcação das terras que historicamente consideram como suas. O cacique Lauri Alves disse que vivem 32 famílias na reserva, mas outras 200 estão espalhadas no Sul do país. Ele disse que nem os índios nem os colonos são culpados pela colonização mal feita na região.

O cacique afirmou que o estudo antropológico da Funai foi encerrado e falta concluir o levantamento socioeconômico dentro de um mês. Depois disso, o relatório será encaminhado para o Ministério da Justiça reconhecer ou não a ampliação da terra indígena.

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