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O preço da floresta: até R$ 226 por hectare

O Globo, Ciência, p. 28
10 de Fev de 2009

O preço da floresta: até R$ 226 por hectare
Retenção de carbono por árvores da Amazônia tem valor estimado em estudo do WWF

Roberta Jansen

Deter as queimadas nas florestas é fundamental para reduzir as emissões de CO2 - o principal gás do efeito estufa - liberadas em grande quantidade na queima. Para além disso, manter a mata de pé também representa um ganho em termos de combate ao aquecimento do planeta, uma vez que a vegetação retém carbono.

Mas preservar a floresta intacta é uma moeda a ser negociada, como a redução das queimadas? Por que valor? Um estudo do WWF acaba de determinar este montante: varia de R$ 113 a R$ 226 por hectare ao ano. Os dados fazem parte do trabalho "Mantendo a Floresta Amazônica em pé: uma questão de valores", encomendado pela ONG ao Instituto Copérnico, da Universidade de Utrecht, na Holanda. O valor é essencial para a nova rodada de discussões sobre o acordo climático que deverá suceder Kioto a partir de 2012, e pode beneficiar o Brasil.

O mercado de carbono - em que se pode negociar redução de emissões na forma de créditos - ainda não aceita a floresta em pé como valor negociável.

Mas é praticamente certo que passará a aceitar no tratado que substituirá o de Kioto. Faltava apenas uma fórmula para mensurar o valor da floresta em pé.

E foi o próprio estabelecimento do mercado que forneceu aos pesquisadores o dado que faltava na equação: um valor para a tonelada de CO2, que varia de US$ 5 a US$ 15. Já se sabia que, as árvores, dependendo de seu tipo, são capazes de reter de 80 a 200 toneladas de CO2 por hectare.

- Estabelecer esse valor sempre foi o desafio. Agora já temos como atribuir um valor ao carbono retido ali, a partir do preço dado pelo próprio mercado - explicou o engenheiro florestal Mauro Armelin, coordenador do programa de apoio ao desenvolvimento sustentável do WWFBrasil. - Mas o mais importante do estudo é chamar a atenção para as coisas que a floresta produz e a gente não vê, os serviços florestais. A floresta não é só madeira, ela é estoque, por exemplo, de carbono e de chuva, este último ainda não mensurável.

Segundo Mauro, ainda não dá pra estabelecer um valor total por hectare de floresta em pé - com base em todos os serviços prestados. Mas a ideia é mostrar que a mata intacta poderia remunerar muito mais o proprietário do que sua destruição, ser competitiva frente à pecuária, por exemplo, a partir da negociação no mercado de carbono.

O Globo, 10/02/2009, Ciência, p. 28

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