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O PIB e as crianças indígenas

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
07 de Mar de 2005

O Governo divulgou, como grande feito da administração petista, o crescimento de 5,25% da economia brasileira em 2004, segundo dados do IBGE.

Essa é a maior expansão desde 1994, ano do início do Plano Real, quando o PIB (Produto Interno Bruto) acumulou alta de 5,9%, trazendo reflexos positivos na vida das empresas.

Os grandes bancos tiveram lucratividade recorde. O lucro do Bradesco e do Itaú passou dos três bilhões de reais. No setor industrial, a performance foi notável. O grupo Gerdau encheu de alegria seus acionistas. A Vale do Rio Doce, por conta de seus excelentes resultados, viu seu valor de mercado alcançar a casa dos 100 bilhões de reais.

O mercado financeiro está em festa com esses números da economia brasileira. O governo Lula faz a alegria do grande capital. É festa no andar de cima.

Enquanto isso, no andar de baixo, a coisa está ruim. Ou péssima.

Foi enterrada esta semana, em Campinápolis, a quinta criança xavante que morreu por desnutrição. Em Dourados, no vizinho estado de Mato Grosso do Sul, já morreram outras cinco crianças indígenas, das tribos guarani e caiuá, também por causa da desnutrição.

A imprensa destaca, já são dez crianças mortas nas aldeias do Centro-Oeste. É também um recorde, como o aumento do PIB. Mas o governo não divulga, nem toca no assunto. Finge não ver.

Cadê o programa Fome Zero, a prioridade n.o 1 do governo do PT? Por que o Ministério da Saúde, a Funai e o Ministério do Desenvolvimento Social não tomam nenhuma providência a respeito? Por que o Fome Zero não chega aos índios? Aliás, a quem atende o Fome Zero, além da mídia?

Nem o Duda Mendonça foi chamado para armar uma estratégia de marketing com os índios para o programa Bolsa Escola ou para o Fome Zero.

O governo Lula revela total insensibilidade com a questão social. O PT, que sempre criticou os governos anteriores pelos baixos investimentos na área social, está fazendo pior. Os mesmos petistas que ontem criticavam a responsabilidade fiscal e a abertura da economia brasileira, agora se orgulham do superávit primário que garante notas altas da banca examinadora do FMI. Sobre as crianças indígenas, o PT não diz nada.

Quando assumiu, Lula prometia dobrar o salário mínimo e criar um país em que nenhuma criança iria dormir sem um prato de comida. Chegou à metade do mandato e não resgatou as promessas de campanha.

É claro que nenhum governo pode resolver todos os problemas do país e nem agradar a todos os setores. Governar é fazer escolhas e estabelecer prioridades.

Lula e o PT fizeram sua escolha pelo grande capital. Problemas dos trabalhadores, dos pobres e das crianças, principalmente as crianças indígenas, podem esperar.

Errata: Na semana passada, por problema de correção do meu computador, parte do texto da coluna saiu prejudicado. Restabeleço o meu pensamento e a verdade. "Ao dizer no Espírito Santo que mandou um alto companheiro calar a boca e não revelar a corrupção que teria ocorrido, o presidente Lula deu um péssimo exemplo de deseducação política. Desde Moisés, Deus mandou gravar nas tábuas da Lei o sétimo mandamento: Não roubar. Ao informar que não mandou apurar, o presidente Lula deseduca. Fica mal com Deus. Se não apura o que os adversários fizeram, imaginem a ação contra os companheiros. Ou seja, o presidente permite o entendimento de que liberou geral."

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