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O mundo não acabará após o Código Florestal

O Globo, Eco Verde, p. 32
Autor: VIEIRA, Agostinho
08 de Mar de 2012

O mundo não acabará após o Código Florestal

Um incauto que ouvir os gritos e ranger de dentes que envolvem as discussões do novo Código Florestal pode concluir que a profecia maia sobre o fim do mundo em 2012 estava correta. E pior, o centro do caos seria o Brasil, suas florestas e agricultura. Para os líderes do ruralismo atrasado, está em jogo toda a produção agrícola do país. Já os verdes puros estão certos de que não restará sequer um bonsai de pé.
A discussão é complexa e, por trás dos acalorados discursos, sobram interesses econômicos, políticos, imobiliários e até os sociais e ambientais. O que anda escasso é o equilíbrio. É fato que o projeto aprovado no Senado, a ser apreciado pela Câmara na semana que vem, não é o ideal. Mexer com as APPs (áreas de proteção permanente) é um grande risco ambiental e agrícola. Assim como a soma de APPs com Reservas Legais pode implicar novos desmatamentos.
No entanto, este foi o único texto produzido até agora que resultou de algum diálogo. Foi aprovado por 57 senadores, sete votaram contra. Ele estabelece regras para o importante Cadastro Ambiental Rural, proíbe o financiamento público para quem não se regularizar, cria incentivos para a recuperação de áreas degradadas e pode representar o replantio de 13 milhões de hectares de florestas.
Mas o seu grande mérito está no fato de que desagrada aos radicais do campo e do meio ambiente. O Código Florestal foi criado em 1934. São quase 80 anos de existência e de não cumprimento das suas regras. Está mais do que na hora de sair do papel. Há quem proponha que o projeto seja aprovado e revisto daqui a cinco anos. Uma coisa é certa: se o mundo acabar até lá, não terá sido por excesso de bom senso.

O Globo, 08/03/2012, Eco Verde, p. 32

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