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O custoso malogro dos alimentos organicos

OESP, Economia, p.B10
Autor: TAVERNE, Dick
08 de Abr de 2004

O custoso malogro dos alimentos orgânicos
DICK TAVERNE The Guardian
A agricultura orgânica é uma indústria de bilhões de libras. É promovida por um fluxo de propaganda proveniente de grupos de defesa do meio ambiente, particularmente a Soil Association (Associação do Solo) e subsidiada pelo governo. Todas as revistas de estilo de vida consideram os alimentos orgânicos um sinônimo de vida saudável e todo chefe de cozinha na TV nos diz que são mais saborosos. Questionar essas afirmações equivale não apenas a duvidar das virtudes da maternidade, mas também revelar indiferença com o envenenamento do país e o destino do planeta.
O movimento orgânico foi inspirado pelo misticismo de Rudolf Steiner, que acreditava no plantio segundo as fases da Lua, enriquecimento do solo com chifres de vaca recheados com víscera e ensinava que os fertilizantes químicos danificavam o cérebro. Baseia-se no princípio de que a natureza é sábia e a ciência, perigosa.
A Soil argumenta que a agricultura orgânica não pode ser avaliada por critérios científicos porque "suas atuais ferramentas de compreensão não estão suficientemente desenvolvidas". Apodera-se de quaisquer descobertas, por mais frágeis que sejam, que pareçam confirmar suas alegações, e descarta quaisquer indícios divergentes, tratando-os de preconceituosos ou influenciados pela indústria da biotecnologia.
A entidade tem criticado violentamente a Food Standards Agency (Agência de Padrões Alimentícios), uma entidade criada pelo governo para salvaguardar nosso bem-estar, que se recusa a endossar as alegações em favor dos alimentos orgânicos. Em janeiro, o órgão declarou que, "com base nos atuais indícios, os alimentos orgânicos não são significativamente diferentes, em termos de segurança e nutrição, dos convencionais".
A Soil alega que os orgânicos são mais naturais e o uso de químicos naturais os torna mais seguros que os cultivados com a ajuda de produtos sintéticos.
Isso é uma bobagem. Não existe nada saudável em relação a produtos químicos naturais como a ricina ou a toxina aflatoxin ou a toxina botuliníca, ou especialmente perigoso em relação a químicos sintéticos como sulfonamidas, isoniazid, que cura a tuberculose ou o analgésico paracetamol.
Somos doutrinados a comer alimentos orgânicos porque os resíduos de pesticidas fazem mal a nossa saúde. Como a FSA (Food Standards Agency) já ressaltou, há uma disparidade entre os temores da população e os fatos. A contribuição da dieta alimentar para a doença cardiovascular e o câncer provavelmente responde por mais de 100 mil mortes por ano, enquanto o envenenamento por ingestão de alimentos responde por de 50 a 300 casos. Não se tem notícia de mortes atribuídas a resíduos de pesticidas ou a alimentos transgênicos.
Tem-se dito que os alimentos orgânicos têm melhor sabor. Mas testes cegos já mostraram que alimentos orgânicos frescos não têm melhor sabor que alimentos frescos cultivados da forma convencional. Além disso, os alimentos orgânicos são, em geral, importados e transportados por avião. Portanto, não são frescos.
Também se diz que a agricultura orgânica beneficia a vida selvagem. Verdade.
Mas estudos mostram que os efeitos sobre o meio ambiente dependem do estilo de administração e não do sistema agrícola. Em geral, o gerenciamento integrado tem melhores resultados. O mais benéfico para os pássaros e para a vida selvagem é a agricultura de baixo impacto, possível pelo cultivo de plantações geneticamente modificadas.
Mesmo que a maioria das alegações feitas em favor da agricultura orgânica fossem verdadeiras, sua maior desvantagem é a ineficiência. Os orgânicos custam mais caro porque seu rendimento médio é de 20% a 50% menor. Sua ineficiência é altamente relevante porque precisamos triplicar a produção de alimentos nos próximos 50 anos para alimentar um adicional de mais 3 bilhões de pessoas. Assim, toda tecnologia que aumente a eficiência da agricultura é necessária.
Que contribuição pode dar a agricultura orgânica? Nas palavras do biólogo indiano C.J. Prakash, sua única contribuição para a agricultura sustentável será "manter a pobreza e a desnutrição".

OESP, 08/05/2004, p. B10

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