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O atraso ambiental de Santa Catarina

A Notícia - www.clicrbs.com.br
Autor: Lauro Bacca
13 de Nov de 2010

Em meio às comemorações pelo consenso obtido pelos 193 países participantes da recente Convenção sobre Biodiversidade Biológica no Japão, o diretor da ONG WWF Brasil, Claudio Maretti, declarou que "alguns países, infelizmente, ainda têm uma visão ultrapassada de que a conservação da natureza atrapalha o desenvolvimento". Se trocarmos a palavra "países" por "Estados", a frase serve como uma luva para a realidade de Santa Catarina, pois essa é a visão predominante, principalmente nos nossos meios políticos e governamentais.

Por enquanto, está difícil aplicar por aqui o conceito de sustentabilidade, que leva em conta o equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental. Tão adiantados que somos nos aspectos socioeconômicos os mais diversos, quando se trata de meio ambiente, o Estado beira o desastre. Leis importantes como o ICMS ecológico por aqui não emplacam, apesar do seu êxito em mais de dez outros Estados. Somos o segundo maior desmatador da mata atlântica depois de Minas Gerais, segundo a SOS Mata Atlântica. Considerando os tamanhos dos Estados, em termos proporcionais, somos quem mais desmata.

Enquanto desmatamos, a Polícia Ambiental, praticamente sucateada, desperdiça esforços em atividades que poderiam ser feitas por não-policiais, sobrando pouco do já reduzido efetivo para suas funções precípuas, para alegria dos ladrões de palmito, desmatadores e caçadores clandestinos, que tornam a fauna nativa cada vez mais ameaçada de extinção. Somos um dos Estados mais atrasados em saneamento básico.

Enquanto ocorrem avanços na implantação de pequenas unidades de conservação (UC), nossa maior unidade, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, criado há 35 anos, amarga o abandono. Pior: uma de suas partes mais importantes, a baixada do Massiambu, em Palhoça, sofreu reveses nos últimos tempos. Políticos e governo estadual têm oferecido resistência à criação de UC federais para proteção de matas com araucária no Estado, a ponto de líderes governamentais ingressarem na Justiça contra tal ato, alheios ao fato de que algumas das UC foram criadas para salvar parte dos ínfimos 2% ainda não desmatados deste tipo de ecossistema.

Santa Catarina liderou no País um movimento passional e sem embasamento técnico consistente, pelo afrouxamento de leis ambientais, como o código ambiental catarinense. Que as luzes da Convenção de Nagoya iluminem a mente dos catarinenses eleitos em outubro!

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