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Número de mortes de crianças indígenas é normal, diz Costa

FSP, Brasil, p. A11
09 de Mar de 2005

Número de mortes de crianças indígenas é normal, diz Costa
Ministro pede ação integrada de órgãos e governos no caso

O ministro da Saúde, Humberto Costa, disse ontem que as mortes de crianças indígenas em Dourados (MS) estão dentro dos números normalmente registrados.
Na reunião do CNS (Conselho Nacional de Saúde), em Brasília, defendeu ainda ação integrada entre órgãos da União que tratam de temas ligados aos índios, além de governos estadual e municipal.
Segundo o ministro, questões culturais, perda da capacidade agrícola, alcoolismo entre os índios e até a rejeição das famílias para aceitar tratamento nos centros especializados estão entre os problemas a serem enfrentados.
"As mortes estão dentro do número que normalmente acontece. É claro que uma morte é sempre preocupante e não pode ocorrer. Não é justificativa ou explicação, mas não está se caracterizando uma mortandade maior do que nos anos anteriores", disse.
O CNS, composto por 40 membros, tem entre suas atribuições acompanhar o Orçamento do Ministério da Saúde.
Ontem, ouviu informações do ministro sobre as mortes de crianças indígenas em Mato Grosso do Sul, a falta de medicamentos para pacientes de Aids e as perspectivas para 2005.
De acordo com dados apresentados pelo presidente da Funasa, Valdi Camarcio, de 250 crianças classificadas como desnutridas pelo Programa de Vigilância Nutricional no Estado, 30% saíram da área de risco.
Costa disse que, além da distribuição de alimentos, técnicos ensinam os índios que moram nas aldeias em Dourados a cozinhar.
"Não adianta apenas ficarmos recebendo crianças desnutridas e tentando salvá-las. Precisamos ter respostas com ações integrais", disse ele, depois de a conselheira Zilda Arns pedir mais integração dos projetos do governo.
Coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns disse haver "muito índio e pouca terra" em Mato Grosso do Sul.
Bolsa-Família
Depois da reunião, o ministro disse que buscará o R$ 1,2 bilhão da Saúde a ser usado no Bolsa-Família, programa de transferência de renda do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente deve enviar ao Congresso projeto de lei que reduz em R$ 1,2 bilhão os gastos da Saúde autorizados pelo Orçamento para suprir cortes no programa. (LUCIANA CONSTANTINO)

Funasa "acha" mais 4 mortes por fome de janeiro a março
Hudson Corrêa
A desnutrição matou 12 crianças indígenas menores de cinco anos de idade, de 1o de janeiro ao dia 2 deste mês, nas aldeias de Mato Grosso do Sul. Em todo o ano passado, ocorreram 15 mortes de crianças indígenas causadas pela fome no Estado.
O número de 12 mortes foi obtido ontem pela Folha com base nos atestados de óbito recebidos pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Até anteontem, o órgão confirmava oficialmente oito mortes, mas o número foi revisto após a análise dos atestados de óbito.
O número de vítimas pode ser maior, já que a Funasa admite não ter recebido todos os atestados.
Nos atestados de óbito constam como causas da morte das crianças pneumonia, desidratação e diarréia, mas o médico da Funasa Luiz Fernando Ribeiro disse que a desnutrição pode ser entendida como um dos principais fatores.

FSP, 09/03/2005, Brasil, p. A11

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