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Novo parque fecha "muro" contra grilo na Amazônia

FSP
06 de Jun de 2006

O governo federal anunciou ontem a criação do quarto maior parque
nacional do Brasil, entre Mato Grosso e Amazonas. Resultado de cinco
anos de negociação, o Parque Nacional do Juruena tem 1,9 milhão de
hectares (quase um Sergipe, ou o equivalente a toda área desmatada na
Amazônia em 2004/2005) e deve dificultar o avanço da grilagem, que
move a fronteira agrícola cada vez mais para o norte da região.

O decreto de criação do parque foi assinado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva numa solenidade em Brasília com a presença de
oito ministros, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. Com
ele, o território amazônico chega a 48,3 milhões de hectares de áreas
protegidas (excluindo aí as terras indígenas, que às vezes funcionam
tão bem quanto ou melhor que parques na conservação da floresta),
quase 10% de sua extensão.

"Nós fechamos a fronteira sul da Amazônia", comemorou o secretário de
Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo
Capobianco, em referência às florestas densas do Pará e do Amazonas
que ainda estão protegidas da expansão do chamado arco do desmatamento
-a verdadeira fronteira sul da Amazônia, formada pelas florestas de
Rondônia e pelas matas de transição do médio-norte de Mato Grosso,
continua tombando a taxas vertiginosas.

O novo parque é o tijolo final de um "muro" de unidades de conservação
e terras indígenas que começa no Parque Indígena do Xingu e acompanha
a divisa MT-PA-AM até Rondônia. Na prática, ele estabelece uma ponte
entre o mosaico de unidades de conservação do Apuí, no Amazonas, e as
recém-criadas reservas ao longo da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163). A
estrada, aliás, teve sua licença de asfaltamento concedida ontem.

Proposta pela primeira vez durante o governo FHC, a unidade de
conservação tinha oposição de políticos locais, especialmente no lado
mato-grossense. O "bico" do Estado é uma região de florestas densas e
ricas em madeira de lei, e, mesmo sendo imprópria para o plantio de
soja, ela estava sujeita à grilagem de terras e à exploração de
madeira -que costuma dar lugar a pasto. Havia, inclusive, uma proposta
de criação ali de uma floresta estadual, para extração madeireira.

"Obviamente é importante tornar a terra ali mais escassa", diz Paulo
Barreto, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da
Amazônia). O efeito primário da criação do parque será fazer cair o
preço da terra, desestimulando a grilagem.

Serviço florestal

Também foi anunciado ontem o plano de implementação do distrito
florestal da BR-163, área-piloto das concessões de florestas públicas
para exploração madeireira segundo a lei de gestão de florestas
sancionada neste ano. A idéia do governo é ter as primeiras concessões
aprovadas ainda neste ano.

O Serviço Florestal Brasileiro, órgão que fiscalizará as concessões,
também ganhou um diretor: Tasso Azevedo, que deixa a diretoria do
Programa Nacional de Florestas do MMA.

São Paulo, SP - terça-feira, 06 de junho de 2006 - 03:20:25

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