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Novo Código Florestal agrava efeito estufa, afirmam ecologistas

FSP, Poder, p. A9
02 de Dez de 2011

Novo Código Florestal agrava efeito estufa, afirmam ecologistas
Em Durban, ONGs dizem que projeto deixa sem proteção uma área florestal do tamanho da França e do Reino Unido
Governo rebate análise de ONGs e afirma que projeto vai ajudar a diminuir o processo de aquecimento global

CLAUDIO ANGELO
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

Organizações ambientalistas reunidas na conferência do clima de Durban acusaram ontem o Brasil de estar contribuindo para o aquecimento global com a reforma do Código Florestal, cuja votação no Senado foi adiada para a próxima terça-feira.
As ONGs afirmaram em seu boletim "Eco", distribuído no encontro na África do Sul, que a nova lei deixará desprotegida uma área de florestas do tamanho de França e Reino Unido somados.
Isso porque o novo código anistia desmatamentos antigos e permite novos, o que comprometeria as metas brasileiras de redução de emissões de gases-estufa, como o CO₂, anunciadas pelo Brasil em 2009, em Copenhague.
As florestas agem como fixadoras de carbono e sua destruição joga esse gás na atmosfera, contribuindo para o aumento do aquecimento global.
O país se comprometeu a reduzir entre 1,16 bilhão e 1,26 bilhão de toneladas de CO₂ suas emissões em 2020 em relação ao que seria liberado se nada fosse feito. Boa parte da meta deverá ser cumprida com a redução de 80% no desmatamento na Amazônia.
O "Eco" afirma ainda que as mudanças no código criam uma situação "embaraçosa" para o Brasil, que sediará no ano que vem a conferência Rio +20, sobre desenvolvimento sustentável.
Em Brasília, o Ministério do Meio Ambiente evitou polemizar. Mas afirmou que a nova lei ajudará o Brasil a cumprir a meta dos gases-estufa, e não o contrário. Para o governo, o código estimulará a recuperação de parte das florestas desmatadas ilegalmente até julho de 2008.
A votação do texto no plenário do Senado, que deveria acontecer nesta semana, foi adiada depois que uma manobra regimental do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) derrubou o requerimento de urgência, na terça.
Ontem a urgência foi aprovada por 58 votos a 6, mas devido ao regimento do Senado a votação só poderá correr na semana que vem.
No plenário, há ainda alguns pontos de atrito entre o governo e ruralistas.
Um deles é uma emenda do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que prevê que conselhos estaduais possam aumentar a proteção a bacias hidrográficas importantes e muito degradadas.
Outro é a exigência da bancada do Nordeste de excluir uma parte do manguezais da categoria de área de preservação permanente, para liberá-los à criação de camarão.
Segundo o senador Blairo Maggi (PR-MT), essas são questões "que pegam" para os deputados, que terão a palavra final sobre a lei.
A situação no Senado fez a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) adiar sua ida a Durban, onde deveria chefiar a delegação brasileira a partir de sábado.

Frase

"Cabe à presidente determinar se ela deterá a proposta de Código Florestal ou abraçará o desastre iminente"

BOLETIM "ECO", DISTRIBUÍDO EM ENCONTRO DE ORGANIZAÇÕES AMBIENTALISTA NA ÁFRICA DO SUL

FSP, 02/12/2011, Poder, p. A9

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/12254-novo-codigo-florestal-agra…
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/12255-frase.shtml

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