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Nova rota se abre no Ártico e pode alterar vida na Terra

O Globo, Sociedade, p. 26
29 de Mai de 2014

Nova rota se abre no Ártico e pode alterar vida na Terra
Ligação entre oceanos propicia trânsito de espécies antes isoladas

Pela primeira vez em cerca de 2 milhões de anos, o mar de gelo derretido do Ártico está conectando o Norte dos oceanos Atlântico e Pacífico. As novas ligações deixam as costas do Ártico vulneráveis a um grande trânsito de espécies que podem se deslocar por aquela região, segundo um estudo de biólogos do Centro Smithsonian de Pesquisa Ambiental.
Como novas oportunidades para a extração dos recursos naturais do Ártico e do comércio interoceânico são altas, navios comerciais, muitas vezes, inadvertidamente, podem levar essas espécies invasoras para o local. Organismos de portos anteriores podem se agarrar à parte inferior dos seus cascos ou ser bombeados para tanques de água internos. Agora que a mudança climática abriu às embarcações uma rota nova e mais curta para atravessar o espaço entre os oceanos, a presença destas novas espécies vem aumentando.
- Esta é uma virada de jogo que se desenrolará em escala global - diz o principal autor do estudo, Whitman Miller. - A atração econômica do Ártico é enorme, quer se trate de um maior acesso às ricas reservas de recursos naturais ou de um fluxo comercial mais rápido e mais barato na região. Se nada for feito, essas atividades irão alterar muito o intercâmbio de espécies.
A primeira viagem comercial pela nova passagem no Noroeste, de uma transportadora inglesa carregando carvão com destino à Finlândia, ocorreu em setembro de 2013. Enquanto isso, o tráfego através da Rota do Mar do Norte tem aumentado rapidamente desde 2009. Os cientistas preveem que, no ritmo atual, este número continuará a subir 20% a cada ano para o próximo quarto de século, e isso não leva em conta os navios que seguem para o próprio Ártico.
Durante os últimos 100 anos ou mais, a navegação entre os oceanos passava pelo Panamá ou pelo Canal de Suez; ambos contêm água morna, tropical, provavelmente capazes de matar ou enfraquecer potenciais espécies invasoras de regiões mais frias. No Canal do Panamá, as espécies nos cascos de navios lidam com uma mudança brusca na salinidade, da água marinha para a doce. Já as passagens do Ártico contêm apenas água continuará a subir 20% a cada ano para o próximo quarto de século, e isso não leva em conta os navios que seguem para o próprio Ártico.
Durante os últimos 100 anos ou mais, a navegação entre os oceanos passava pelo Panamá ou pelo Canal de Suez; ambos contêm água morna, tropical, provavelmente capazes de matar ou enfraquecer potenciais espécies invasoras de regiões mais frias. No Canal do Panamá, as espécies nos cascos de navios lidam com uma mudança brusca na salinidade, da água marinha para a doce. Já as passagens do Ártico contêm apenas água fria, marinha. Enquanto as espécies forem capazes de suportar temperaturas frias, suas chances de sobreviver a uma viagem ao Ártico (que é curta) serão boas.
O Ártico detém cerca de 13% do petróleo inexplorado do mundo e 30% de seu gás natural. A estimativa é que a Groenlândia possa suprir de 20% a 25% da demanda global de metais raros num futuro próximo. Até agora, o Ártico tem sido isolado do transporte intenso, do desenvolvimento da costa e da presença constante de homens. Mas isso deve mudar drasticamente, dizem os cientistas
- Este novo corredor está apenas se abrindo. Agora é o momento para pensar em opções de gestão que impeçam o crescimento de invasões e minimizem seus impactos ecológicos, econômicos e de saúde - diz o coautor do estudo Greg Ruiz.

O Globo, 29/05/2014, Sociedade, p. 26

http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/derretimento-no-artico-cria-n…

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