VOLTAR

Nova rede de satelites vai integrar tres Forcas

OESP, Nacional, p.A18
29 de Set de 2005

Nova rede de satélites vai integrar três Forças
Segundo analista militar, investimento de US$ 1,5 bi será compensado com economia em serviços comprados de terceiros
Roberto Godoy
O programa da rede de satélites geoestacionários brasileiros (SGB), revelado ontem pelo Estado, vai expandir a capacidade operacional das Forças Armadas "no formato atual do contingente e dos equipamentos", segundo o analista de tecnologia militar José Carlos Silva. Essa capacidade se dará por meio da integração de redes de comunicação dos três comandos de área - Marinha, Exército e Aeronáutica -, permitindo o emprego conjunto e ideal dos recursos disponíveis.
Carlos Silva, oficial da reserva e executivo do grupo britânico Defence IQ, diz que o custo de US$ 1,5 bilhão estimado para o projeto "será compensado pela economia em gastos com serviços comprados de terceiros - sem a qualidade e a segurança esperados". Para o analista, há ainda uma segunda possibilidade, a da venda da capacidade excedente do sistema.
O projeto prevê o lançamento de três satélites a partir de 2009. Fornecedores internacionais receberam o documento de consulta quanto ao fornecimento dos produtos e serviços.
As Forças Armadas brasileiras estudam o assunto pelo menos desde 1989. É dessa época um relatório confidencial do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) recomendando ao Alto Comando da Aeronáutica o desenvolvimento "em caráter de urgência" de um programa de desenvolvimento e aquisição de tecnologia para todo o ciclo: da construção dos foguetes lançadores à montagem final dos satélites - com todos os seus componentes eletrônicos - no País. O documento considera necessárias cinco unidades e detalha o complexo de sítios terrestres de rastreamento e recepção. Variações desse mesmo plano foram analisadas nas agências de pesquisa do Exército e da Marinha em 1991.
"O Sistema de Satélites de Múltiplas Funções supera a expectativa de utilização militar", declarou ontem um oficial da área de inteligência, para quem "poder dispor de satélites próprios de última geração é um diferencial de valor estratégico". Atualmente as Forças Armadas recorrem a bandas especiais da multinacional Star One, prestadora de serviços à Embratel.
MONITORAMENTO
O Exército está construindo em Campinas, dentro da Fazenda Chapadão - sede da Brigada de Infantaria Leve - as novas instalações do Centro Nacional de Monitoramento por Satélite, da Embrapa. O serviço, além de suas atribuições na área agrícola e ambiental, produz regularmente imagens para o Ministério da Defesa.
A tropa enviada ao Haiti para compor a força internacional de estabilização, dispõe de um conjunto de mapas digitais do país que permite ao Estado Maior planejar deslocamentos e avaliar situações. O material produzido no Centro de Monitoramento capta imagens de satélites de várias nacionalidades. Para o oficial da inteligência "a rede SGB vai permitir domínio completo e independente desse conhecimento estratégico".

Projeto vai para agência espacial Em um mês, AEB começa a tratar da licitação internacional
Tânia Monteiro
Em um mês estará na Agência Espacial Brasileira (AEB) o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). A agência, então, vai convocar seu conselho superior, que irá criar um grupo de trabalho para cuidar da licitação internacional para a encomenda dos satélites ou parte deles.
Ao governo e à área militar, particularmente, é fundamental que o Brasil tenha os seus próprios satélites para evitar que o controle do tráfego aéreo e de comunicações governamentais fique com estrangeiras.
No momento, o estudo do satélite se encontra no Comando da Aeronáutica e está em fase de especificação do projeto, denominado 'requisitos logísticos, técnicos e industriais básicos'. A Aeronáutica propõe o lançamento de três satélites, a um custo de US$ 637 milhões, que servirão não só à parte espacial, melhorando a segurança da aviação civil e militar, mas também aprimorando as comunicações militares e as informações meteorológicas.
Aumentará a segurança no tráfego aéreo, apesar da redução de 2 mil pés para mil pés o distanciamento vertical entre aeronaves, como prevêem as novas regras internacionais que entram em vigor em 2010. A proposta é que os satélites sejam financiados pelo Fundo de Telecomunicações (Funtel).
De acordo com fontes do Ministério da Defesa, o custo do projeto será ressarcido em cerca de 5 anos, com a economia feita a partir da eliminação do pagamento pelo uso de telefones e outros serviços de telecomunicações pela União a empresas estrangeiras, já que o satélite a ser usado seria do governo brasileiro.
O lançamento de satélites foi muito discutido no início de 2004, mas perdeu força em meados daquele ano, quando o governo negociou com a empresa mexicana Telmex , atual controladora da Embratel, uma golden share, ação especial que deu ao governo direito de voto e veto na empresa de satélite Star One, controlada pela Embratel.
É pelo satélite da Star One que passam os dados e informações estratégicas das Forças Armadas. Apesar de o governo ter conseguido negociar as ações, há setores das Forças Aramadas que ainda vêem a necessidade de o País possuir seus próprios satélites.
Colaborou Gerusa Marques

OESP, 29/09/2005, p. A18

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.