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Nova espécie de macaco-prego é achada em PE

OESP, Vida, p. A16
18 de Mai de 2006

Nova espécie de macaco-prego é achada em PE
Animal vive em fragmentos de mata atlântica, em situação vulnerável

Cristina Amorim

Uma nova espécie de macaco-prego pode viver no restinho de mata atlântica que pode ser visto em Pernambuco. O macaco-prego-louro ou macaco-prego-galego foi batizado de Cebus queirozi em homenagem à família Queiroz, dona da usina onde ele foi visto pela primeira vez. Ela fica próxima do litoral, numa região bastante desmatada pelos ciclos da cana.
Os 33 indivíduos encontrados até agora se apertam em três fragmentos de 15 hectares cada, conectados por pântanos, onde os bichos se refugiam quando se sentem ameaçados.
É pouco espaço para qualquer mamífero. "O principal problema não é a fragmentação, mas o tamanho dos fragmentos: o ideal seria ter mil hectares por grupo de macacos", explica Antonio Rossano Mendes Campos, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Ele é o principal autor da descrição, publicada na revista especializada Zootaxa (www.mapress.com/zootaxa) e disponível gratuitamente no site. Campos conta que o trabalho começou há cinco anos, quando ele e um grupo de alunos começou um inventário sobre os mamíferos da mata atlântica local. O bioma é um dos mais ameaçados do País e do mundo - só 7,3% restam da área original. É também um dos biomas mais biodiversos, com espécies só encontradas ali.
Foi com esse dado em mente que a equipe foi a campo. "Existiam levantamentos de aves, répteis e anfíbios da mata atlântica, mas nada de mamíferos", lembra o professor.
Achado o animal, a equipe trabalha para aprender o máximo possível sobre a espécie. Ela desde já pode entrar em qualquer lista de ameaçados em extinção. A fragilidade da população é tão alta que Campos fez a descrição do animal sem matar um indivíduo, como costuma ser exigido pelas escolas tradicionais de taxonomia.
"Fotografamos e soltamos, e a descrição foi aceita", diz ele, que contou com a ajuda de especialistas da ONG Conservação Internacional. Uma amostra de DNA, que pode ajudar a confirmar a natureza do macaco, só será coletada após o Ibama dar uma autorização especial.
Enquanto isso, o Cebus queirozi sobrevive nos fragmentos. O dono da área contratou o mateiro dos pesquisadores para patrulhar e conservar a área. Por enquanto, esta é a única garantia que o macaco tem.

OESP, 18/05/2006, Vida, p. A16

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