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Nova Casa do Índio em Manaus triplica leitos de enfermaria, mas continua superlotada


Autor: Thaís Brianezi
24 de Out de 2006

A nova enfermaria da Casa do Índio (Casai) de Manaus foi inaugurada hoje (24). Ela tem 36 leitos e vai substituir a anterior, que tinha 11 vagas e cujo espaço será usado para construção de um consultório odontológico. Apesar do aumento, a Casai Manaus continua superlotada: atualmente abriga 145 pacientes, quando deveria acomodar no máximo 80.

"Se a gente considerar que cada paciente vem com pelo menos um acompanhante, concluímos que há mais de 250 pessoas aqui", avaliou a diretora da Casai Manaus, Maria de Jesus Castilho. A administração do local é feita pela organização não-governamental Saúde Sem Fronteiras, por meio de convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Castilho informou ainda que a Casai Manaus recebe por mês cerca de 50 pacientes novos, que ficam hospedados lá, em média, entre 30 e 60 dias. São indígenas de todo o estado, que vêm à capital em busca de tratamento de saúde de média e alta complexidade. Há no Amazonas, segundo dados da Funasa, 125 mil índios de 140 povos.

"A Casai Manaus recebe pacientes do Amazonas e de Roraima.Eles chegam aqui debilitados, então a gente precisava desses leitos novos para organizar os serviços de saúde", afirmou a chefe de Enfermagem da Casai, Walderlene da Mota. Ela revelou que as doenças mais comuns entre os hóspedes são câncer, leucemia, traumatismos e picadas de cobra.

Francisco Claudinor Barbosa é do povo Mura, de Autazes (AM). Ele está há quatro meses em Manaus, acompanhando o tratamento de sua mãe, Francisca Barbosa, que possui um tumor no olho direito. "A cirurgia dela foi marcada só para 14 de novembro. É muito difícil agendar consulta", reclamou. "Aqui no alojamento também há muita gente, é uma rede por cima da outra. A gente mal consegue dormir".

O diretor-executivo da Funasa, Danilo Forte, reconheceu que a Casai de Manaus precisa ser ampliada, mas informou que não há obras previstas. "É uma vitória a gente estar aqui inaugurando esses 36 leitos, mas a luta pela expansão e pela melhoria é permanente", declarou. "Mas é preciso lembrar também que o conceito cultural da comunidade indígena é um pouco diferente. Quando se tem um parente doente, tem certas aldeias que mobilizam famílias inteiras para viajar com ele".

Forte esclareceu ainda que o orçamento para saúde indígena neste ano foi de R$ 243 milhões, valor bastante superior aos R$ 120 milhões de 2005. "Para o próximo ano, estamos tentando conseguir R$ 320 milhões", revelou.

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