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Nota da Coalizão Ciência e Sociedade sobre as reiteradas ofensivas ao Inpe

Direto da Ciência - http://www.diretodaciencia.com/
Autor: Maurício Tuffani
02 de Ago de 2019

Nota da Coalizão Ciência e Sociedade sobre as reiteradas ofensivas ao Inpe

Grupo de cientistas endossa dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e condena exoneração de seu diretor.

A Coalizão Ciência e Sociedade, integrada por 65 pesquisadores de instituições de todas as regiões brasileiras, vem, mais uma vez, expressar seu apoio ao trabalho conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na geração de alertas e monitoramento da supressão de vegetação nativa florestal e não florestal nos biomas brasileiros.

O insistente descrédito dos dados públicos pelo presidente Jair Bolsonaro e parte de seus ministros não é fundamentado em argumentos técnicos sólidos e transparentes e que considerem tanto a correlação entre os dados de alertas de desmatamento gerados pelo DETER e as taxas de desmatamento geradas pelo PRODES para a Amazônia por meio da análise da série temporal de mais de uma década de funcionamento dos dois sistemas como as características intrínsecas de todas as metodologias baseadas em informações de sensores a bordo de satélites.

No momento em que, sob a justificativa de ajuste fiscal, instituições de ensino e pesquisa em todo país sofrem severas restrições orçamentárias com graves prejuízos para a ciência brasileira no curto e longo prazo, o governo federal propõe, de forma extemporânea, a contratação de um sistema privado de monitoramento para realizar redundantemente o que um instituto público, patrimônio do Estado brasileiro, realiza com excelência e amplo reconhecimento internacional.

Estamos vivenciando a inédita situação de termos um ministro de Meio Ambiente que não defende, ao contrário, ataca o meio ambiente, e um ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações que é tímido na defesa da ciência e silencia sobre a qualidade do trabalho de um dos mais conceituados institutos desse ministério e exonera seu diretor. Ambos contribuem assim com o rápido sucateamento da credibilidade, nacional e internacional, construída com esforço e perseverança por gerações de cientistas e tecnólogos ao longo de diferentes governos.

Após as declarações recentes do ministro Augusto Heleno sobre os dados do desmatamento, perguntamo-nos se agentes da Polícia Federal ou oficiais das Forças Armadas brasileiras prefeririam, em situações de campo, basear-se em informações fornecidas pelo Inpe ou nas "reinterpretadas", por conveniência política, pelo atual ministro do Meio Ambiente.

Diante do progressivo desmonte das estruturas da ciência e de proteção do meio ambiente brasileiros, cabe também demandar o posicionamento do Ministério Público Federal (MPF), instituição fiscal da lei, defensora do Estado de Direito, da democracia e dos direitos sociais e individuais incontestáveis de acordo com a Constituição Federal. Em função de suas atribuições constitucionais, o MPF mantém com o Inpe parceria de longa data em suas ações judiciais e no projeto Amazônia Protege.

Sobre a coletiva de imprensa realizada ontem, 1o de agosto de 2019, pelo presidente Jair Bolsonaro e os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), cabe recordar o escritor polonês Henryk Sienkiewicz, prêmio Nobel de Literatura, no épico "Quo Vadis":

Em tua narrativa, a mentira flutua sobre a verdade como óleo sobre água.

http://www.diretodaciencia.com/2019/08/02/nota-da-coalizao-ciencia-e-so…

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