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No litoral, areas verdes ameacadas

OESP, Metropole, p.C1
25 de Dez de 2005

No litoral, áreas verdes ameaçadas
Ao norte, some um Ibirapuera por ano; o espaço minguou e a mancha urbana agora avança sobre a mata
Cenas do litoral norte capturadas do alto da Serr[/TEXTO]a do Mar, como esta ao lado, enchem os olhos de turistas que se acumulam, câmeras a postos, no acostamento da Rodovia dos Tamoios em dias claros. Um olhar rigoroso sobre imagens de satélite registradas na última década, no entanto, revela dois lados deste paraíso, um bom e outro ruim. O bom: o ritmo de desmatamentos diminuiu. O ruim: o freio na degradação não resulta de consciência ambiental, mas da saturação do espaço passível de construção. A pressão agora é sobre áreas de preservação ambiental, ameaçadas.
Embora em menor escala, motosserras e escavadeiras ainda fazem sumir o equivalente a um Parque do Ibirapuera por ano na costa norte – 1,5 milhão de metros quadrados de mata atlântica primária, secundária e restinga. Esta, uma vegetação rasteira que cobria o litoral e hoje quase não se vê. Os dados são de um estudo da SOS Mata Atlântica, com base em imagens de 1985 a 2003 entre Guarujá e Paraty e concluído agora. Também atesta poluição nos rios que abastecem casas e desembocam nas 183 praias.
A pressão da mancha urbana já avança sobre o entorno do parque, tombado pelo Condephaat e tão importante quanto a mata porque preserva áreas intocadas”, diz o biólogo Edson Marques Lobato, diretor do núcleo de São Sebastião do Parque Estadual da Serra do Mar. Em 2005, 40 construções foram demolidas no parque. Não só barracos, mas casarões de gente endinheirada que compra lotes cada vez mais altos, com vista para o mar.
Os espaço acabou, sobraram pequenos lotes que devem minguar em cinco ou seis anos”, diz Edison Kara, da Construgar. Segundo ele, por causa da saturação, terras remanescentes valorizaram 700% em cinco anos – na Praia da Baleia, a mais cara, o metro quadrado chega a R$ 1.800,00. O lado bom é limitar, pelo preço, novas construções. O ruim é que moradores não conseguem arcar com os custos de uma casa em local permitido e são cada vez mais empurrados para ocupações irregulares em áreas preservadas.
A prefeitura de São Sebastião mapeou 35 núcleos de ocupações irregulares nas encostas, onde vivem 10 mil pessoas, e criou um programa de congelamento das áreas. A polícia ambiental, com 120 homens na fiscalização, demoliu 43 casas nestas áreas. O problema maior não é o desmatamento”, diz Márcia Hirota, da SOS Mata Atlântica. Mas adensamento populacional e crescimento da mancha urbana, que não só corta o verde como polui rios, produz mais lixo e cria demanda social e por infra-estrutura inexistente nas cidades litorâneas.”
OESP, 25/12/2005, p C1

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