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No Amazonas, exportação de castanha enfrenta barreiras

Amazônia - http://amazonia.org.br
16 de Set de 2014

A castanha com casca aparece em 23o lugar na tabela de exportações e sem casca é o 50o, na pauta de exportações

Combater as barreiras fitossanitárias e o contrabando da castanha do Brasil são os desafios para alavancar as exportações do produto no Amazonas. De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea) a certificação é a principal exigência dos merca dos consumidores, que se preocupam em consumir produtos com garantia de origem, respeitando as diretrizes socioambientais adequadas para a extração e comercialização da castanha. Como forma de garantir a qualidade do produto, o mercado internacional está preferindo adquirir a castanha com casca.

Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), de janeiro a agosto o Estado exportou US$ 3,7 milhões do produto com casca, aumento de 29% na comparação com US$ 2,8 milhões registrado no igual período de 2013. Porém a castanha sem casca registrou queda de 55%, exportando US$ 1,3 milhão contra US$ 3 milhões, no mesmo intervalo. A castanha do Brasil com casca, aparece em 23o lugar na tabela de exportação do Amazonas e a castanha sem casca é o 50o item da pauta de exportações do Estado. A castanha é comercializada principalmente para a União Europeia (EU), Estados Unidos e Bolívia.

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) o principal desafio na exportação da castanha é a aplicação da IN-MAPA-11/2010, que estabelece os critérios e procedimentos para o controle higiênico-sanitário do produto e seus subprodutos, destinados ao consumo humano no mercado interno, na importação e na exportação, ao longo da cadeia produtiva.

O presidente da Faea, Muni Lourenço, relacionou algumas questões que precisam de solução para que o Estado venha a ocupar as primeiras posições no ranking internacional com a castanha do Brasil. Além de combater o contrabando da castanha e garantir as boas práticas de coleta, armazenamento e comercialização do produto para combater as barreiras fitossanitárias de países importadores. "Alguns países tem dificultado a expansão do comércio da castanha, em função de mudanças no processo de análise que inclui a casca nos resultados, aumentando a possibilidade de incidência da aflatoxina (toxina produzida pelo fungo aspergillus. Considerada um poderoso elemento cancerígeno)", explicou.

Segundo Lourenço, a certificação é um processo voluntário em que a certificadora avalia um empreendimento florestal para verificar se estão sendo cumpridas as questões ambientais, econômicas e sociais. "Essa exigência oportuniza a difusão de boas práticas nas comunidades extrativistas, garantindo o padrão de qualidade e o volume adequado para suprir as demandas do mercado. Percebe-se no cenário nacional um movimento político em busca de uma melhoria na qualidade do produto", minimiza Lourenço.

Ainda, de acordo com a Faea, as políticas agroindustriais são importantes na medida em que a tecnologia torna-se um fator de competitividade primordial no cenário internacional. Não apenas no processo de industrialização da castanha, mas também no sentido de pesquisar e descobrir novos usos e aplicações para o produto. "Desta maneira, aumenta-se o valor de venda e consequentemente o valor obtido na comercialização interna e externa da produção, também", explicou o presidente da Federação.

Para Lourenço agregar valor ao produto por meio de investimentos agroindustriais que possibilitam um beneficiamento local do produto, aliado as campanhas de conscientização e capacitação dos produtores quanto ao manejo e armazenamento da castanha, são ações que vem melhorando o resultado das exportações da Castanha do Brasil. "Como é o caso, no Amazonas, da desidratação da amêndoa para a venda da Castanha Dry no mercado internacional", concluiu Muni Lourenço.

Segundo o ITC/Mapa os mercados atrativos registram que a Castanha do Brasil com casca levou o Brasil a ocupar o 2o lugar como o maior exportador, onde as exportações representam 27,75% do total mundial. O preço médio de importação da castanha com casca é de USD 1.324/MT. Na lista dos países importadores do Brasil, estão a Bolívia (USD 689/MT), Estados Unidos (USD 4.842/MT) e Hong Kong (USD 5.048/MT). No caso da castanha sem casca, as exportações diminuem e chegam a 0,26% das exportações mundiais de castanha e, o Brasil é o 9o maior exportador. O preço médio de importação do tipo sem casca é USD 6.847/MT. Porém a variação fica em torno de 100% dependendo do país importador. A Nova Zelândia (USD 8.250/MT), Reino Unido (USD 7.313/MT), Rússia (USD 7.250/MT), Itália (USD 6.625/MT), Austrália (USD 4.375/MT) e Emirados Árabes (USD 13.000/MT). Segundo o cadastro de exportadores de Castanha do Brasil no Mapa, as empresas Ciex Comércio Indústria e Exportação Ltda., instalada na capital amazonense, e a Econut, em Itacoatiara, município da Região Metropolitana de Manaus, possuem certificação para exportação do produto. O cadastro foi atualizado em 12/08/2014, tem como base legal a IN SDA no 66 de 11/09/2003, publicada no DOU 16/09/2003, e visa o controle de contaminantes (aflatoxinas) e o controle de qualidade.

O Grupo Ciex e a Fazenda Aruanã, foram citadas pelo Idam como as empresas amazonenses exportadoras da castanha do Brasil, com casca e sem casca. No caso do Ciex, tradicional grupo empresarial da região Norte, especificamente de Manaus, ao longo de 70 anos atua no segmento de produtos amazônicos como juta e castanha, exportando e atendendo vários Estados da federação.

Mercado interno da castanha

De acordo com o Idam, nos últimos anos, o comércio da castanha do Brasil sem casca se concentrou fortemente no mercado nacional. Com o acesso a novos mercados privados e institucional no país, houve um grande crescimento em relação ao volume comercializado em anos anteriores.

Segundo a engenheira Florestal do Idam, Vanessa Souza, essa tendência deverá se manter com a organização dos extrativistas em associações e cooperativas. "Com isso as mesmas passaram a acessar mercados privados e institucionais, garantindo a venda do produto a um preço justo e imediato", informou.

Ainda segundo Vanessa, no Estado do Amazonas, poucas cadeias produtivas apresentaram, nos últimos anos, tantas mudanças positivas quanto a da Castanha do Brasil. "Essas mudanças foram motivadas por uma sequência de políticas públicas em âmbito federal, estadual e pela estruturação de Associações e Cooperativa de produtores", concluiu.

O Idam informou que no Amazonas para a castanha do Brasil, proveniente de agroindústrias de beneficiamento apoiada pelo governo do Estado, conta com mercado distribuidor no Pará e o mercado Institucional por meio da ADS e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No caso da ADS, a castanha é comercializada através do Preme (Programa de Regionalização da Merenda Escolar). Já na Conab, geralmente a castanha é oferecida no Programa Mesa Brasil.

Inimigo da castanha

Segundo o Idam, o maior inimigo das castanhas de boa qualidade são fungos que produzem uma substância tóxica chamada aflotoxina, que tem um grande poder de contaminação, deixando as castanhas com uma qualidade ruim para a alimentação, saúde e comercialização. Os fungos que contaminam as castanhas precisam de umidade e calor para se multiplicar. Para combatê-los é importante adotar boas práticas de manejo que impeçam essas condições na coleta, secagem e armazenamento das castanhas.

De acordo com dados computados em 2013, pelo Idam, o Amazonas contou com uma produção estimada em 2.031 toneladas e 495 beneficiários assistidos pelo Estado. O maior desafio da cadeia produtiva é o escoamento da produção no Estado, além da busca pela qualidade do produto com a adoção das Boas Práticas de Manejo. "Há aproximadamente 495 beneficiários assistidos pelo Estado. Estima-se que há muito mais extrativistas informais envolvidos na atividade", segundo Vanessa Souza.

A produção da castanha é totalmente extrativista e ocorre no período de chuvas, -inverno amazônico-, que vai de dezembro a junho, com possíveis variações. Uma castanheira pode atingir facilmente a altura de 50 metros, com idade estimada entre 800 e 1.200 anos. O ouriço fruto da castanha, pesa cerca de um quilo e pode conter de 15 a 24 sementes.

http://amazonia.org.br/2014/09/no-amazonas-exporta%C3%A7%C3%A3o-de-cast…

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