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Navio das Bahamas derrama oleo em Niteroi

O Globo, Rio, p.28
04 de Set de 2005

Navio das Bahamas derrama óleo em Niterói
Rombo no casco fez escoar todo o tanque de combustível, que atingiu as praias de Icaraí, das Flechas e da Boa Viagem
Cerca de dois mil litros de óleo se espalharam na Baía de Guanabara ontem de madrugada depois que o navio Saga Mascote, de Nassau, nas Bahamas, bateu num dique do estaleiro Enavi/Renave, localizado próximo à praça de Pedágio da Ponte Rio-Niterói, em Niterói. A mancha se espalhou pela Baía de Guanabara e atingiu as praias das Flechas, da Boa Viagem e de Icaraí, na Zona Sul da cidade. Além de sujar pedras e a areia, a mancha trouxe um forte mau cheiro e chegou às calçadas, levada pelas ondas.
O acidente aconteceu pouco depois da meia-noite, quando o navio tentava atracar no estaleiro. Com a batida, o casco se rompeu, provocando a abertura de dois buracos de cinco por dois centímetros. O vazamento aconteceu durante uma hora, até que o tanque se esvaziasse completamente.
Seis embarcações espalharam barreiras no mar
A Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) acionou o Plano de Emergência para a Baía de Guanabara, na tentativa de conter o avanço da mancha. Depois de sobrevoar de manhã a área afetada, os técnicos do serviço de poluição acidental da Feema usaram seis embarcações para espalhar barreiras absorventes e recolher o óleo espalhado na baía.
O analista ambiental Dyrton Belas, da Feema, afirmou que o estaleiro foi notificado ontem mesmo, depois de receber o auto de constatação do acidente. Segundo ele, uma reunião da Comissão Estadual de Controle Ambiental (Ceca) deverá estipular esta semana as penalidades a serem aplicadas à empresa.
Na praia de Icaraí, o cenário de poluição assustou moradores e visitantes.
— Quase chorei quando cheguei à praia e vi a poluição. Gosto de pescar por aqui, catar mexilhão, siri. Agora vai ficar muito difícil — conta o estudante Stevan Lepore.
O pescador João Batista de Abreu saiu para pescar às 10h na praia de Boa Viagem, quando notou que o óleo começava a chegar ao litoral.
— Meu barco saiu da água manchado, mas os peixes que pegamos não estavam sujos. O problema é o óleo se espalhar — disse o pescador, que teme que a pesca seja proibida no local.
Na Praia das Flechas, havia menos acúmulo do óleo, que começou a invadir o local já pela manhã, segundo o morador André Porto Romero:
— A praia estava bem limpa. Outro dia, um pescador pegou uma arraia aqui. É uma pena.
A prefeitura de Niterói usou ao longo do dia três caminhões e 50 homens para retirar o óleo que chegou às praias. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Jeferson Martins, o óleo deverá ser retirado totalmente neste fim de semana.

Descuido ambiental
Desde o acidente de janeiro de 2000, quando 1,3 milhão de litros de óleo da Petrobrás vazaram de um dos dutos da Refina ria de Duque de Caxias, várias medidas para proteger a Baía de Guanabara foram anunciadas. No entanto, o descuido com o meio ambiente tem sido constante e os vazamentos de óleo não pararam de acontecer.
Há vinte dias, uma mancha de óleo com cerca 1.500 metros de comprimento, cuja origem não foi identificada, espalhou-se pelo mar em frente ao Cais do Porto.
Em junho, um vazamento proveniente do navio Alminufiyah, de bandeira egípcia, poluiu um trecho de mais de quatro quilômetros da Baía de Guanabara.
Semana passada, o Ibama multou a empresa Smft Salvage por trazer para Niterói, sem autorização do órgão federal, 2,2 milhões de litros de resíduos de água e óleo de um navio chileno. A embarcação explodiu ano passado no Porto de Paranaguá, no Paraná, provocando o vazamento de um milhão de litros do combustível. Segundo o Ibama, a empresa descumpriu uma série de exigências ambientais.

O Globo, 04/09/2005, p. 28

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