Natura quer núcleo em Manaus

Natura quer núcleo em Manaus
Empresa de cosméticos deve implantar um Centro de Conhecimento na capital, para pesquisar a biodiversidade amazônica

Renata Magnenti
Da equipe de A Crítica

A empresa Natura Cosméticos lançou na manhã de ontem, em Manaus, o "Programa Amazônia", onde prevê a criação de um Centro de Conhecimento na capital amazonense e uma nova fábrica no Estado do Pará. O projeto tem inicio previsto para o próximo ano e a implantação plena se estenderá até 2020. A empresa estima um investimento de R$1 bilhão na região.
O Centro de Conhecimento, segundo a gerente do Programa Amazônia, Luciana Villa Nova, terá como meta estudar plantas, frutas e demais itens da biodiversidade amazônica, através da relação com pesquisadores e moradores locais. Essa relação entre a Natura e comunidades amazônicas, segundo Luciana, já vem acontecendo e são dadas de maneira criteriosa, de forma que ambas as partes mantenham seus compromissos. "As comunidades regionais, por exemplo, precisam ter CNPJ e suas garantias asseguradas enquanto detentora de informações", explica a gerente.
Parceria
Desde 2009, a Natura mantém parceria com uma comunidade no Médio Juruá, no Amazonas, onde explora o óleo de andiroba. "Essa comunidade se organizou tão bem que criou um fundo onde administram o recurso repassado pela Natura", diz Luciana Villa Nova.
O objetivo da marca nacional é criar em Manaus um polo de conhecimento e pesquisa no segmento de cosméticos e expandi-lo ao passar dos anos.
"Estamos em contato com algumas universidades e pesquisadores do Amazonas queremos criar urna rede de especialistas e doutores no segmento de biodiversidade amazônica".
A gerente do programa explicou ainda que a Natura está em contato com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e com Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) na possibilidade de firmar parceira. Ainda não há um local definido para a instalação do Centro.
"No início de 2012 já teremos um CNPJ do Centro de Conhecimento e estaremos instalados na cidade de Manaus, dando nossos primeiros passos", aposta Villa Nova.

Capital

No último ano a comunidade do Médio Juruá, parceira da Fatura, recebeu da empresa nacional R$ 600 mil. O recurso foi destinado ao Fundo do Médio Juruá e é administrado pelos moradores que produzem óleo de andiroba.

Tendência é ser natural

A substituição dos compostos usados em produtos de beleza, higiene e cosméticos por ingredientes naturais é uma tendência. E cada vez mais as plantas da fauna amazônica são usadas como matérias-primas em sabonetes, hidratantes e outros produtos da área cosmética.
"Hoje as pessoas deixam de lado produtos de origem animal ou sintética", explica Luciana Villa Nova, da Natura.
A empresa registrou em 2010 uma receita líquida de R$ 5,1 bilhões e parte desses lucros se deve á percepção desta tendência. Há 12 anos a Natura investiu na criação de produtos com matérias-primas da Amazônia e hoje plantas como açaí, andiroba, copaíba, entre outros, fazem parte do portfólio.

A Crítica, 08/07/2011, Economia, p. A15