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Na melhor hipótese, nível do mar em Santos subirá 18 cm até 2050

FSP, Ciência, p. B9
30 de Set de 2015

Na melhor hipótese, nível do mar em Santos subirá 18 cm até 2050
Ponta da Praia e Zona Noroeste serão os bairros mais afetados por aquecimento global, mostra novo estudo
Se previsão se confirmar, cidade terá de construir anteparos para evitar que água atinja ruas e garagens serão alagadas

EDUARDO GERAQUE DE SÃO PAULO

Não se trata de um cenário catastrofista, como o exibido pelo filme "O Dia Depois de Amanhã" (2004), onde a cidade de Nova York é quase totalmente inundada, mas um estudo inédito específico sobre a subida do nível do mar em Santos (SP) será apresentado hoje (30) a membros da sociedade local.
A cidade praiana terá que lidar com o aumento do nível do mar progressivo até 2100.
No cenário mais brando, o Atlântico deverá subir 18 cm até o ano de 2050. Há cenários mais graves, que serão detalhados pelos cientistas durante o evento.
Os dados saíram de um modelo matemático que processou por meses informações específicas de Santos, medidas por marégrafos ou por mapeamento aéreo.
O IPCC, um painel de cientistas mundiais que investiga as mudanças climáticas, tem uma previsão de que a subida média no nível dos oceanos em todo o mundo deve ficar entre 28 cm e 89 cm até 2100.
"Passou o momento da mitigação, agora temos que trabalhar com adaptação. Isso é praticamente consenso", afirma Eduardo Hosokawa, engenheiro que participa do estudo como membro da Prefeitura de Santos.
O desenho do estudo internacional, que ainda investiga duas cidades estrangeiras além de Santos, é inovador porque junta pesquisadores de institutos de pesquisa e universidades com o corpo técnico da prefeituras.
"Essa é a grande inovação. Os dados técnicos são apresentados ao mesmo tempo em que se discute políticas públicas", afirma Luci Nunes, do Instituto de Geociências da Unicamp, e uma das participantes da pesquisa.
Após a apresentação dos resultados, haverá, no fim do ano, outro seminário para ouvir a população sobre como preparar a cidade.
PONTA DA PRAIA
De acordo com a geógrafa Célia Souza, do Instituto de Geologia de São Paulo, outra autora do trabalho, as regiões da Ponta da Praia e a Zona Noroeste de Santos, perto do porto, serão as mais prejudicadas no caso de um aumento do nível médio do mar.
O grande culpado por essa aumento no nível do mar seria o aquecimento global, que ocorre em função da emissão de gases-estufa, como CO2, no mundo inteiro.
De acordo com Célia, nos últimos anos tanto a frequência quanto a intensidade das ressacas do mar santista estão maiores.
Em 2010, por exemplo, de acordo com o registro da pesquisadora, ocorreram 14 eventos de mar forte e alto na costa da cidade de Santos, número considerado inédito.
EROSÃO
Outro problema específico da região da Ponta da Praia de Santos é a erosão costeira, que também vem se agravando desde os anos 1940.
"Na época, as fotos mostram, havia praia na região, mas no local foi construída uma avenida, que alterou o perfil da área", afirma Célia.
Para proteger a cidade, uma das ações que podem ser feitas no futuro é a construção de anteparos móveis, dentro do mar, para evitar que o aumento das águas atinja ruas, prédios e casas.
Em terra, outras soluções práticas podem ser tomadas para que o prejuízo econômico dos moradores seja menor, como, por exemplo, a construção de prédios sem garagens subterrâneas, que são mais facilmente inundadas pela água do mar. Mas isso levaria de anos a décadas.

FSP, 30/09/2015, Ciência, p. B9

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/234868-na-melhor-hipotese…

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